Um dia divertido na roça é quando o meu tio ou o meu avô matavam porcos cevados. Fora a parte triste de ver e ouvir o porco agonizar e gritar durante minutos, gostávamos de ver limpar o couro para tirar os pelos. Esta tarefa era feita com folhas secas de bananeiras em chamas ou com água fervendo. Após passavam uma faca super afiada como se estivessem fazendo a barba. Após estar limpo o porco era colocado sobre um giral de madeira onde era partido ao meio. As ferramentas eram facões, martelo e machadinha. Já em duas partes começavam a retirar as vísceras e os órgãos internos. A molecada pegava a "bexiga" para brincar fazendo-a de balão. Já cortado todo em pedaços pequenos o porco era todinho frito num grande tacho usando a própria banha. Depois de frito toda a carne era armazenada em latas de 20 litros encobertas pela banha quente. Depois de algum tempo a gordura esfriava e endurecia, conservando esta carne por muito tempo, mesmo sem geladeira. Neste mesmo dia além de fritar a carne fazíamos linguiça e chouriço. Era costume sagrado mandar um pedaço de carne para todos os vizinhos que pudessem ouvir os gritos do porco em agonia de morte. É que acreditava-se que a molecada após ouvir os gritos do porco morrendo ficava com lombriga. JOSÉ CARLOS FARINA
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