sexta-feira, 26 de novembro de 2021

AÇÃO POPULAR PARA O HOTEL ROLÂNDIA - PR.

AÇAO POPULAR TENTA "BRECAR" DEMOLIÇÃO DO HOTEL ROLÂNDIA

Convoquei toda a população, os políticos e historiadores para me ajudar a defender pelo menos as madeiras do Hotel Rolândia que está sendo desmanchado e demolido.
Ninguém apareceu.. ninguém....
Estou sozinho ajuizando uma Ação Popular, onde peço ao juiz providências baseado na CF que dedica um capitulo sobre o patrimônio histórico/cultural.
Em Rolândia são poucos que têm amor de verdade pela cidade e sobre a sua História.
Lamento.
Mas, mesmo sozinho faço a minha parte.
Cadê as pseudas pessoas cultas de Rolândia??
CADÊ?

ET: após o ajuizamento da ação, a prefeita em exercício acatou as minhas razões e ponderações e mandou comprar as madeiras e reconstruir o Hotel ao lado da Estação Ferroviária.

JOSÉ  CARLOS FARINA

EIS A PETIÇÃO INICIAL:

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ROLÂNDIA – PR.


JOSÉ CARLOS FARINA, brasileiro, casado, advogado, portador do Titulo de Eleitor 167393206.., da 59ª zona eleitoral de Rolândia-Pr., residente e domiciliado em Rolândia-Pr. à Rua Arthur Thomas, 2320, vem (em causa própria) com base na Lei 6513/77 e 4.717/65) ajuizar a presente AÇÃO POPULAR contra o Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Rolândia, JOÃO ERNESTO JOHNNY LEHMANN, brasileiro, casado, dentista, podendo ser encontrado no prédio da prefeitura, passando a expor e requerer o que se segue:

1)- Conforme vídeos e blogs encontrados na internet, (DVD em anexo) o imóvel que abriga a primeira construção oficial do Município de Rolândia (HOTEL ROLÂNDIA) foi vendido recentemente, inclusive as madeiras foram vendidas para que sejam desmanchadas para fabricação de móveis.

1-1)- No próprio site oficial do Município lê-se que o Hotel Rolândia é a primeira construção oficial do Município (marco zero), e que gerou motivo da comemoração do aniversário: “A cidade de Rolândia foi fundada pela “Companhia de Terras Norte do Paraná”, subsidiária da “Paraná Plantation Ltda”, cujos donos eram ingleses. No dia 29 de junho de 1934, iniciou-se a construção da primeira casa no perímetro urbano, o Hotel Rolândia. Daí para frente as construções se sucederam e uma próspera vila emergiu no local da mata. Nascia Rolândia.”

2)- A demolição do edifício, segundo entrevistas do antigo proprietário (primeiro link) está marcada para amanhã, dia 11/01/2011;

3)- Segundo apurou-se nas entrevistas anexas, não houve interesse por parte do Sr. Prefeito em adquirir o imóvel, muito menos as madeiras para que a construção fosse reconstruída em outro lugar;

4)- Sendo este Hotel a primeira construção oficial do município (marco zero da história), é fácil verificar que o valor histórico e cultural é imensurável;

5)- Sendo de grande valor histórico e cultural, S. Exa, a nobre autoridade coatora não poderia simplesmente falar que não há interesse, pois é um patrimônio de toda a cidade e de todos os munícipes;

6)- O caso, é claro, conclama um grande debate, e não pode ser resolvido apenas por uma única pessoa, sem noção da importância do marco zero da história do município.

7) – Só a título de parâmetro, as madeiras, que poderiam ser reconstruída em outro local foram vendidas como madeira usada, por preço irrisório. O município poderia e deveria adquirir estas madeiras (como ainda pode) e após contratar profissional da área para que faça o desmanche com anotações em “planta” e desenhos, numerando as peças, para ser reconstruída em outro local (podendo inclusive ser armazenado/guardado).

8)- O que não pode é este patrimônio valoroso como este ser jogado como madeira... para lenha ou móveis em cima de um caminhão qualquer, e nunca mais encontrada....

9)- DO DIREITO

Desnecessário maiores estudos e delongas sobre este título. Os nossos Tribunais admitem já há mais de três décadas o ajuizamento de ações populares semelhantes para a defesa do patrimônio, cultural, histórico e ambiental, contra  qualquer um dos entes federativos.

9-1)- A Constituição Federal separou um capitulo inteiro para assegurar a defesa deste patrimônio:

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
§2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
§3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
§4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.

9-2)- Quem pode propor a ação:
Quando o detentor do dever de preservar o bem é o Poder Público, a ação popular é o remédio existente para proteção do bem histórico e cultural. No artigo 5°, inciso LXXIII da Constituição Federal temos a previsão da ação popular

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 3
Dessa forma, todo cidadão é parte legítima a propor a ação popular, mas o legislador teve o cuidado em usar a palavra “cidadão”, pois não se trata de qualquer pessoa e sim da pessoa brasileira que está a par de suas obrigações políticas com o Estado. Como obrigações políticas, a Lei 4717/65 elucida em seu artigo 1°, parágrafo 3° que:
Art. 1º, § 3º. A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

9-3)- Ação popular de forma preventiva:
“A Lei 6513/77, que classificou como bem protegível o patrimônio cultural, previsão presente também na Constituição Federal de 1988, há a possibilidade de impetração da ação popular que vise à proteção ante a ameaça de lesão ao direito de preservação do patrimônio cultural e histórico, ou seja, propor a ação popular de maneira preventiva.
Com esse caráter preventivo, a ação popular ganha uma importância muito maior, pois se dá ao cidadão a possibilidade de questionar as ações tomadas pelo Poder Público quanto à preservação do patrimônio arquitetônico, evitando assim, através de liminares, previstas no artigo 5° da Lei 4717/65, que ele se perca ou que seja modificado a ponto de perder suas características que lhe dão o caráter especial.

Sabemos que cabe ao Poder Público tomar as medidas práticas necessárias à preservação do patrimônio histórico e cultural, mas cabe ao cidadão, ciente de seus deveres e obrigações, exercer papel de fiscal das ações públicas, para que estas sejam coerentes e eficazes.

O legislador deu ao cidadão formas práticas de questionar tais ações. Cabe então a esse cidadão fazer uso delas, como a ação popular descrita acima, para garantir a proteção de seus direitos, o que significa garantir a preservação do patrimônio cultural, seja ele um monumento ou uma construção, para as gerações que estão por vir”. (Priscila Gil Silva - acadêmica de Direito pela Uni-curitiba e Arquitetura e Urbanismo pela UFPR. Priscila-gil@hotmail.com.

AÇÃO POPULAR E A PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO CULTURAL.

10)- ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Para que não haja risco de danos de impossível recuperação (demolição marcado para amanhã), é de suma importância que seja antecipada a tutela com a expedição imediata de mandado determinando a suspensão (até nova ordem) do desmanche ou demolição do citado imóvel (Hotel Rolândia), sendo citado, após, do prazo para contestar. Esta antecipação de tutela visa garantir a preservação deste patrimônio cultural e histórico, para as gerações futuras, que estão por vir. Se o povo perder este momento, esta oportunidade, nunca mais poderá exercê-la. O dano pode acontecer nas próximas horas. É iminente.

Em vista do exposto requer a citação do Exmo. Sr. Prefeito (após o deferimento liminar de antecipação de tutela), para que apresente contestação, no prazo legal, devendo a ação no final ser declarada procedente, para que o edifício ( Hotel Rolândia), marco zero da história, não seja demolido sem que haja antes um amplo debate entre comunidade e autoridades, e, onde inclusive, possa alguma empresa privada adquirir as madeiras e reconstruir o mesmo em outro lugar, como patrocínio cultural.

11- DA PROVA

Acompanha à presente uma mídia DVD com dois depoimentos feitos ao canal "José Carlos Farina" do Youtube. O primeiro com a dona Dirce, atual moradora e o segundo com o Sr. José Anísio Vasconcelos, um dos antigos donos do Hotel Rolândia.

Termos em que, dando à presente o valor de R$1.000,00, para efeitos de alçada.

Requer isenção de custas na forma da lei. 

PEDE DEFERIMENTO.

Rolândia, 10 de janeiro de 2011


JOSÉ CARLOS FARINA – OAB-PR: 8836












LEGENDA: FARINA AO LADOP DO HOTEL EM RECONSTRUÇÃO.

terça-feira, 16 de novembro de 2021

CEMITÉRIO EXCLUSIVO JUDEU EM ROLÂNDIA - PR.

Faz parte da tradição e dos costumes judeus que os mesmos após morrerem sejam sepultados em cemitérios exclusivos. 

Em Rolândia até poucos anos atrás muitos judeus foram sepultados ao lado de alemães cristãos no Cemitério São Rafael.

Digo até pouco tempo atrás, porque agora acabaram de construir ao lado do Cemitério São Rafael um outro exclusivo para a etnia e fé judaica.

Para a população em geral não muda nada, pois o cemitério São Rafael já era reservado apenas para estas duas etnias. A prefeitura sempre permitiu que houvesse uma administração separada para este "campo santo".

Dificilmente uma família de outra etnia que não seja alemão ou judeu consegue uma vaga para sepultamento. Não sei se alguma vez alguém conseguiu. Alguém sabe??

A única vantagem  para o restante da população é a curiosidade que acaba gerando turismo. Os turistas ficam surpresos com este fato, parece que um dos únicos do Estado.

As demais etnias, italiana, japonesa, espanhola, portuguesa, suíça, árabe, polonesa e etc. são muitos humildes. Poderiam também pedir  cemitérios exclusivos.

To brincando.

Ninguém pensa nisso não.  

Este fato nunca repercutiu junto a comunidade rolandense. Comento aqui apenas no que concerne a história local e como fato curioso. Nada mais. Respeito as tradições de cada povo.

O povo de Rolândia sempre conviveu pacificamente com todas as etnias. 

Mesmo nos anos da 2ª guerra não tivemos nenhum incidente grave com alemães, judeus,  japoneses, poloneses e italianos.

Peço a Deus que continue assim.

SHALOM

JOSÉ CARLOS FARINA

OBS.: 

Para o bem da verdade, em algumas cidades do sul do Brasil constatamos  também alguns cemitério luteranos. A maioria alemães luteranos.

VÍDEO SOBRE O  TEMA: 

https://www.youtube.com/watch?v=YMuGoW9s03U;








PRIMEIROS ANOS DE ROLÂNDIA - PR. DÉCADA DE 30

 































































sexta-feira, 12 de novembro de 2021

ROLÂNDIA NO TEMPO DE CAVIUNA

Detalhe: nesta época Rolândia se chamava Caviúna
Fotografia: Acervo Museu Histórico de Rolândia.

ESTAÇÕES ROLÂNDIA LONDRINA CAMBÉ E CORNÉLIO PROCÓPIO FOTOS

 OSMIR MELLO




CAMINHÃO 1943 EM ROLÂNDIA PR.

No ano de 1943 , ao mesmo tempo que virava município , Rolandia , por causa da II Guerra , e por ter seu nome de orígem alemã , teve seu nome mudado para Caviúna e , que perdurou até 1947 ,quando voltou ao nome antigo .

O caminhão da foto tem placas de Caviúna , e um desses pioneiros é o meu pai , Pedro Machado , ( Pedrão ) .





FAMÍLIA DE MARIA E ANTONIO LOVATO ROLÂNDIA PR.

Irmãos e pais do Celestino: Atrás: Águida, Therezinha, Wilson e Renato. Na frente: Zilda, Ofélia Maria, Antônio e Celestino.



VENDA MERCEARIA EMPÓRIO ANTIGO EM MADEIRA

 LEVI MARTINS




CORREIO DE ROLÂNDIA ANOS 50

Agência dos Correios em Rolândia, localizada na esquina da Santos Dumont com Expedicionários (ao lado da Velox). A família Minikowski foi responsável pela agência local durante anos. Observe na carroceria, a quantidade de malas com correspondências que seu Estanislau (à esquerda da foto) levaria para a estação de trem
Fonte: Acervo Renê Minikowski Kelter.



MARLI NASCIMENTO SANTOS E NAIR ALBUQUERQUE ROLÂNDIA PR.


À esquerda, Profa. Nair Albuquerque com a diretora Marli dos Santos
Fotografia: Acervo Colégio Souza Naves.



DR. JULIO GATTI DENTISTA ROLÂNDIA PR.

Um dos formandos de 1954
Fotografia: Acervo Júlio Gatti.



MARLI NASCIMENTO SANTOS DIRETORA ROLÂNDIA PR.

Marli dos Santos recebendo cumprimentos do então governador do Estado, Jaime Canet, pelo relevante trabalho pedagógico e social à frente da direção do Colégio
Fotografia: Acervo Colégio Souza Naves.



PROFESSORA JAQUELINE ADAS DE OLIVEIRA ROLÂNDIA

Fotografia: Acervo Colégio Souza Naves.



PRIMEIRA ESCOLA DE ROLÂNDIA PR. 1939

Colégio Souza Naves foi construído, em madeira, em 1939 e se chamava Grupo Escolar de Rolândia
Fotografia: Acervo Colégio Souza Naves.



quarta-feira, 10 de novembro de 2021

FOTO RARA ROLÂNDIA 1937

 PESQUISA CASSIA POPULIN - FOTO HANS KOPP




CARTEIRA DE CARROCEIRO LONDRINA DÉCADA DE 40

 HERMINIO RECCO




FAMILIA IGARASHI PIONEIROS ROLÂNDIA PR.

 ROSALVA IGARASHI



TREM CHEGOU EM ROLÂNDIA EM 19/03/1936

Inauguração da Estação Ferroviária de Rolândia em 19/03/1936: Interventor Manoel Ribas; o presidente das Ferrovia e o Prefeito Willie Davids de Londrina.






FAMILIA BRUNOZI PIONEIROS BARTIRA ROLÂNDIA PR.

Recebi essa preciosidade de José Brunozzi, da época da construção da igreja do Bartira. Seu pai, José Brunozzi, é o terceiro da esquerda para a direita. Obrigada por compartilhar conosco!
Fotografia: Acervo José Brunozzi .





ASSIM COMEÇOU ROLÂNDIA EUGENIO VITOR LARIONOFF 29/06/1934

Página do diário de Eugênio Larionoff .
PESQUISA DE  Cássia Popolin.




































FAMÍLIA FRIGO PIONEIROS ROLÂNDIA PR.

Maria e José Frigo, que doaram o terreno para a construção da capela do deizinho do vermelho. 
DUAS FOTOS HISTÓRICAS.

































ROLÂNDIA EM 1956 QUANDO NASCI

 PESQUISA CASSIA POPULIN



IGREJA CAPELA DEIZINHO DO VERMNELHO ROLÂNDIA EM 1954

Inauguração da capela em 1954.
Fotografia: Encontrei em dois acervos, do Nivaldo Frigo, neto do José e Maria Frigo e da Encarnação Navarro, que guarda a fotografia que herdou de seus pais.

ROLÂNDIA DÉCADA DE 50 CORETO TARTARUGA E CENTRO

À direita Farmácia São José e à esquerda Cine Bandeirantes, onde hoje é a Previdência.  Cássia Popolin.

OBS.: NA PARTE DE BAIXO VEMOS O CORETO EM FORMA DE TARTARUGA QUE ESTAVA NA PRAÇA. 
UM PREFEITO NÃO MUITO INTELIGENTE A DESMANCHOU.
JOSÉ CARLOS FARINA



DESFILE EM ROLÂNDIA DÉCADA DE 60

ACERVO FAMILIA GATTI. Cássia Popolin .
NOTA.
ESTE PRIMEIRO EDIFÍCIO E O DA ESQUINA SE ENCONTRAM  PRESERVADOS ATÉ HOJE.



PADARIA DE MAX DIETZ ROLÂNDIA 1935

 PESQUISA By FARINA.




TROVÃO E ERNETO PUSCHEL FNM ROLÂNDIA PR.

Década de 70 em Rolândia PR , Trovão (Pai em memória) e Trovaozinho (Filho) caminhoneiros muito conhecido na região. Odulf Mauricio Nehrke.




VISTA AÉREA DE ROLÂNDIA DÉCADA DE 60

 PESQUISA By  FARINA.



FOTO RARA ESCOTEIROS DE ROLÂNDIA DÉCADA DE 80

FOTO PAULO FARINA
Passagem para a Sênior!




FOTO RARA DE ROLÂNDIA - PR. DÉCADA DE 40

 FOTO DE ROLÂNDIA - PR. NA DÉCADA DE 40 EM FRENTE A PRAÇA

PRAÇA CASTELO BRANCO COM REMANESCENTE DE ÁRVORES DA FLORESTA. 
MOÇAS DESFILANDO NA AV. PRES. VARGAS EM TERRA. 
FOTO DA FAMÍLIA DE JARBAS JUNQUEIRA 
PESQUISA DE JOSÉ CARLOS FARINA



INFÂNCIA NO SÍTIO NORTE DO PARANÁ

"Nasci na cidade de Rolândia, norte do Paraná, mas sempre tive um pé na cidade e outro nos sítios de café dos meus avôs e tios. A partir dos meus 8 anos passava todas as minhas férias no sítio do meu avô materno. Lá morava o meu primo mais querido, o Toninho, conhecido por Preto. Como era costume, as crianças a partir dos 8 anos ajudavam os pais na lida do café e dos cereais. Eu, meu primo e irmãos ajudávamos os avós e tio até as 15 horas e depois éramos liberados para brincar. O nosso trabalho era capinar, limpar os troncos dos cafeeiros para facilitar o rastelamento, apanhar café, "virar" o café para secar no terreirão, amontoá-lo à tardezinha, ajudar a lavar os grãos para separar a terra e impurezas e ajudar a ensacar. Uma certa época, nos anos 60, minha mãe pegava café para separar as impurezas em casa. Os comerciantes de café cediam umas máquinas onde os grãos caiam em uma esteira de pano. Com um pedal íamos movimentando a esteira e tirando os torrões, pedrinhas e pequenos pedaços de madeira. Eu e meus irmãos ajudávamos todo dia a nossa mãe. Era uma maneira de ajuntarmos uns troquinhos para assistirmos o matinê do cinema aos domingos. Até hoje me lembro de cheiro do café beneficiado. Na década de 60 teve um ano que o preço do café caiu tanto que as maquinas de café cederam de graça aquele café mais quebrado. Meu avô pegou logo uns dois ou três caminhões para usar como adubo. Lembro-me que vinha muita gente pegar aquele café para torrar e consumir. Mais tarde, já mocinho viajava sempre com meu pai (que era corretor de terras) para mostrar propriedades agrícolas aos seus clientes. Por todas as estradas que andávamos de jipe víamos apenas enormes cafeeiros. O norte do paraná era um imenso cafezal. O mais lindo e vistoso do mundo. Pés com até 2,50 metros, verdinhos e saudáveis. As nossas terras sempre foram as melhores do Brasil. Quase todos os proprietários davam empregos para os porcenteiros. Estes trabalhavam muito e tinham muita fartura. Criavam uma vaquinha para o leite das crianças, porcos e galinhas. Muitos tinham  também um cavalo com carroça para passear e fazer as compras na cidade. Aos sábados na roça infalivelmente acontecia os bailes de sanfona em barracas cobertos com lona. Havia uma amizade sincera e muito companheirismo. Os jovens voltavam a pé para a casa sob a lua cheia, conversando e contando piadas. Falávamos sobre as namoradas para quem ainda não havíamos declarado o nosso amor. Aos domingos a diversão era banhos na cachoeira, pesca, caçar passarinhos com estilingue e futebol. A noite meu avô sempre recebia os amigos para ouvir as notícias no rádio. Eu e meu primo ficávamos ouvindo sentados ao lado do fogão caipira, tomando café e comendo pipoca feita com gordura de porco. Após ouvir as notícias meu avô, meu tio e os amigos começavam a contar causos de assombração. O duro era dormir com a lamparina apagada com medo de que aquelas assombrações fossem aparecer e puxar o nossos pés. Me orgulho muito da infância e juventude que tive aqui em Rolândia-Pr., dividindo o meu tempo entre cidade e sítio. Amo minha região e minha família. Temos aqui uma das melhores terras do mundo e um povo honesto e trabalhador. Sinto saudade daqueles tempos e se pudesse viveria tudo outra vez. Um abraço a todos os norte paranaenses. Deus abençoe a todos." José Carlos Farina.