terça-feira, 9 de maio de 2023

MORTE E TIROS NA ELEIÇÃO EM ROLÂNDIA

ARNO GIESEN PARA O 
JORNAL DE ROLÂNDIA JR

Não sou tão velho assim, mas acompanho a política de nossa cidade desde os anos 50; na época os expoentes eram Pedro Liberti, Antenor Ferri, Primo Lepre, Aquino, Dr. Luciano e Amadeu Puccini.
Antenor Ferri foi assassinado, Pedro Liberti andava com jagunços (lembro-me do Índio), mas elegeu-se prefeito e deputado duas vezes, tal como nosso amigo Cobra Repórter.
Na eleição seguinte a prefeito, Amadeu Puccini a perdeu por um voto, no tempo em que tínhamos cédulas individuais; dizem que um famoso diretor do Grupo Escolar de Rolândia, hoje Colégio Souza Naves, engoliu algumas cédulas na apuração. Primo Lepre se elegeu, Amadeu ficou para a próxima.

Rolândia sempre teve uma política conturbada, grupos antagônicos se digladiavam, ameaças para todo lado.

Nos anos 60 Galvão se elege prefeito, derrotando Aquino, pessoa altamente capacitada, um dos fundadores da saudosa Corol. Mas Galvão não emplacou, ficou apenas dois meses no cargo, quando foi CASSADO pelo regime militar. Naqueles tempos da ditadura os detentores do poder faziam o que queriam, pintavam e bordavam, e simplesmente cassaram o Galvão sem dar satisfação a ninguém, presenteando-o com a perda de direitos políticos por 10 anos. Galvão nunca foi acusado de qualquer delito e nem julgado.

Aconteceu então a intervenção federal em Rolândia, com a nomeação do capitão aposentado Bacharel Horacio Cabral, o BHC, para a chefia do executivo. Mais pra frente elegeu-se e reelegeu-se Pedro Scomparin como prefeito; o qual, depois de ser vítima de intensa campanha radiofônica (ainda não existia internet e rede social) e não se defendendo, acabou sendo CASSADO pela justiça, sob alegação de ter se apossado de um pedaço de rua para ampliar seu quintal; uma bobagem, diga-se de passagem.

Tivemos então os anos Perazolo x Eurides Moura e Leonardo, a disputa entre o “grupão” e o “anti-grupão”. Aí veio o Johnny Lehmann, já tinha sido derrotado antes, mas dessa vez se elegeu e se reelegeu. Era a vez dele, todo mundo dizia. No segundo mandato foi acusado de irregularidades na campanha eleitoral, usando indevidamente o “jornal do Jorge” para se eleger, cuja circulação não alcançava 100 exemplares semanais, para fins de publicação de matéria oficial em vários municípios da região. O processo correu no judiciário, Johnny não se defendeu adequada e tempestivamente, e deu no que deu: CASSAÇÃO.

Depois de Galvão e Scomparin, Johnny foi o terceiro prefeito cassado injustamente. Tumultuando a vida de Rolândia, ocasionando um paradeiro na administração.

E agora ? Agora fala-se em cassar o prefeito Luiz Francisconi, eleito e reeleito há pouco tempo, com expressiva votação. Formou-se uma CP na Câmara Municipal com essa finalidade. Há no legislativo os vereadores ponderados, que analisarão o caso, a acusação, as provas. Mas há também os sedentos de sangue, que a todo custo pretendem afastar o prefeito Francisconi.

Não vou entrar no mérito da questão. Conheço pouco do processo. Assim como a maioria dos munícipes também não conhece. Mas no pouco que vi não me parece existir base legal razoável para uma cassação, com o afastamento do prefeito do cargo. O que existe são algumas poucas delações, nada comprovado, contra um grande número de pessoas da administração municipal sub judice.

O prefeito provisoriamente afastado é um profissional de sucesso. Médico com especialidade reconhecida e admirada. Em sua profissão auferia renda mensal pelo menos três vezes superior ao que recebia no cargo de chefe do executivo municipal. Não seria coerente que fosse se apropriar indevidamente de uma quantia irrisória (pelo que ganhava), quando abriu mão de verba muito superior. Ainda mais para a dividir não sei com quantas outras pessoas… Um absurdo !

Nunca fui partidário do prefeito Francisconi. Pelo contrário, ele é do PSDB e eu sou contra o PSDB. Nada pessoal. Mas acima de questiúnculas partidárias, temos que pensar no interesse de Rolândia. Mals uma cassação na vida de nossa cidade, mais tumulto, desencontros, paralização, através dessa ação que deverá se mostrar injusta, apenas servirá para deslustrar ainda mais a história de nosso Município, em prejuízo da nossa população.