terça-feira, 20 de abril de 2021

COLEÇÃO E TROCAS DE GIBIS NA MATINÊ DO CINE ROLÂNDIA

Nos anos 60 e 70 uma grande parte da molecada e adolescentes faziam coleção de gibis. Na época os mais famosos e desejados eram os gibis da Ebal. Os mais famosos eram os "reis do faroeste" , "Zorro", "Tarzan", "Fantasma", "Tio patinhas", "Pato Donald", etc. Eu fazia coleção de Tarzan, Zorro, Cavaleiro Negro, Fantasma e Cheyenne, coleções que guardei até hoje. Os colecionadores de gibis tinham o costume e hábito de trocarem os repetidos ou aqueles que haviam lido na frente do Cine Rolândia (onde hoje é a Romeira) nos matinês de domingos, às 14 horas. O interessado ia folhando rapidamente e dizendo: - já tenho... não tenho.... já tenho... O outro colecionador idem. Depois de separados aqueles que havia interesse começava a negociação. Os mais antigos valiam o dobro. Quer dizer era necessário dois gibis novos por um antigo. Quando eu conseguia algum para a minha coleção ficava muito contente. Vinha feliz para casa. Havia um costume também da molecada de jogar "Bingo" com gibis. Para cada rodada era "casado" um gibi por jogador. A única regra era de que o gibi estivesse perfeito, com a capa intacta, sem rasgos. Lá em casa nos reunimos debaixo do meu pé da "Santa Bárbara" onde eu tinha uma casa da árvore do Tarzan. Lembro-me de alguns colecionadores: Maruishi, Formigão, Salgueiro, Ivo pintor, Toninho Lovato, Jair Qualio, Mauro Rodrigues, Paulo Ademir Farina, Nelsom Sanches Galera, Panhan, Aylton Rodrigues, "Mimo", Paulo Vieira, Estevo Hijo, "perereca", "cara manchada" e João Farina. 
Eu era fanático por gibis. Saia de bicicleta e percorria varias casas de amigos atrás de exemplares que faltava na minha coleção. Tenho os gibis até hoje. São raros e valem uma boa grana. Tenho amor até hoje por eles. JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

NORTE DO PARANÁ DEVE MUITO AOS TRENS E FERROVIA

A Companhia de Terras norte do Paraná pensou em tudo. Como a nossa terra  argilosa se torna quase que intransponível em dias de chuvas, logo no começo da colonização a Companhia já iniciou os trabalhos da construção da ferrovia de Ourinhos a Londrina e depois com o tempo até Maringá. Foi a Ferrovia São Paulo Paraná (FSP). Apesar da floresta virgem ,os pioneiros aqui chegaram trazendo tudo o que precisavam nos trens. As primeiras produções era transportadas pelos trens. Os primeiros animais (cavalos, gado, galinhas e porcos) vieram também de trem. Não foi fácil construir a ferrovia no meio da floresta virgem utilizando na maior parte a força dos trabalhadores e das mulas que puxavam as carroças. A maior parte dos serviços eram feitos no enxadão, pá e picareta. A terra era carregada em carroças puxadas por mulas treinadas. Depois de um certo tempo de trabalho as mulas se deslocavam sozinhas de um lado para outro. Os trabalhadores carregavam a carroça com terra, e, após um assobio elas levam a carga para o outro lado, onde outros trabalhadores a descarregavam. Eram dezenas de carroças no canteiro de obras. A estação de Londrina foi inaugurada em julho de 1935, no mesmo dia em que a ponte sobre o rio Jataizinho foi entregue, dando passagem ao primeiro trem, que chegava a uma cidade que já havia crescido muito desde sua fundação em 1929. No início de Londrina e do norte do Paraná tudo girava em torno dos trens. Quando a Maria Fumaça apitava lá na curva, o chefe da Estação tocava um sino e muita gente vinha para conferir quem estava chegando e quem estava partindo. Todas as novidades chegavam no trem. Os homens iam lá para ver as mulheres. As mulheres iam para ver as roupas diferentes vindas de São Paulo. Outros iam ver só o trem, afinal era uma máquina que dava medo. Quando o maquinista soltava o excesso de vapor, fazia um assopro forte, tipo um assovio e a molecada corria de medo. Muitos iam só para dar tchau para quem partia ( (Era chique dar tchau para quem partia). Em Rolândia acontecia tudo do mesmo jeito. O trem chegou aqui pela primeira vez em janeiro de 1936. Por alguns anos ele "virava" aqui e retornava para Cambé e Londrina. 80% do sucesso da colonização do norte do Paraná devemos à ferrovia e aos trens. Em resumo era isto. O trem fazia (e faz) parte de Londrina, de Rolândia e de todo o norte do Paraná.


JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

FARINA RELEMBRA A INFÂNCIA NA PRAÇA CASTELO BRANCO DE ROLÂNDIA

Não sou muito antigo não, mas tenho na minha mente que a antiga praça Castelo Branco (ex-Bento Munhoz), antes da reforma, era um lugar encantado para mim. Minha mãe costumava levar eu e meus irmãos aos domingos para passear ali depois da matinê do Cine Rolândia. 
A praça era o "point" de Rolândia. Como não existia ainda televisão a maior parte da população ficava passeando a pé no trajeto da igreja matriz até a citada praça. Os casados com suas esposas e filhos e os solteiros só na "paquera". As pessoas colocavam suas melhores roupas. Era um verdadeiro desfile de moda. Lembro-me que minha mãe usando saia "plissada". Ela ficava linda e muito elegante vestindo-se assim. Eu e meus irmãos tínhamos terninhos com calças curtas e jaquetas. Modéstia à parte éramos crianças bonitas (até para os padrões de hoje). Ficamos feios com o passar do tempo... 
No centro da praça havia o famoso coreto conhecido como tartaruga. Ele era lindo e era a marca registrada do lugar. Se eu fosse o prefeito da época (Primo Lepri) jamais o teria desmanchado. Em cima do coreto havia uma grande corneta onde um "speak" tocava músicas e mandava recados para os(as)  namorados(as). Não faltava pipoqueiros. Naquele tempo era chique comer pipoca na praça. Era ostentação. 
Lembro-me que entre os arranjos de arbustos, flores e gramados haviam passarelas cobertas de pó de pedra. Conforme andávamos ouvíamos o barulho do atrito dos sapatos com as pedrinhas. A molecada gostava deste som. Haviam muitos bancos de "marmorite" com a estampa dos patrocinadores. 
A antiga festa das nações era feita ali na Avenida Tiradentes e a praça integrava o ambiente. No local havia um grande relógio que ainda pode ser visto ao lado da Estátua do Roland, só que na época funcionava. A Estátua do Roland estava fixada onde hoje temos o chafariz. As crianças amavam ficar olhando para ela e imaginado cenas de guerra com o nosso herói cortando as pessoas pela metade com aquela enorme espada. Do lado da estátua depois de alguns anos colocaram um Televisor.  A Tv ficava protegida com grade de ferro. Do lado a antena (e nunca houve furto).  As 18 horas vinha um funcionário da prefeitura e ligava a Tv para o delírio da grande plateia que comendo pipocas e outras guloseimas gritavam torcendo para os mocinhos do "Bonanza". Na hora da novela só se via mulheres chorando com os diálogos de amor de João Coragem e Diana e enxugando as lágrimas. Do lado esquerdo, em frente a atual sorveteria, havia uma carreira de árvores "santas bárbaras". Hoje sobrou apenas uma delas (mas está podre). Embaixo destas "santas bárbaras" tinha um parquinho infantil. Lembro-me de um grande balanço e as crianças fazendo fila para brincar. A praça não era cortada no meio como agora. Ela pegava a quadra inteira. Quando o trem chegava na estação (ao lado da praça) a maioria corria para lá para ver quem chegou e quem ia embarcar. Era chique dar "tchau" para quem estava saindo de viagem. Algum tempo depois no governo Primo Lepre a praça foi remodelada. Ela foi cortada no meio. Levaram o Roland lá para baixo (não sei porque). Colocaram pequenos tanques para peixes e um viveiro com alguns animais e pássaros. A sensação da nova praça, agora Castelo Branco, foram as luminárias Siemens importadas da Alemanha com seus super-postes com mais de 30 metros de altura. Para vocês terem uma ideia, estas lâmpadas clareavam até lá na casa dos meus pais (próximo ao campo do Nacional). E não é mentira não. 
Hoje, após a segunda remodelação, posso dizer que se não fosse o empenho dos ambientalistas, tinha sobrado poucas árvores no local. Não existe praça sem árvores. Queriam cortar quase tudo. Tivemos que brigar muito. O meu desejo agora é que a população descubra novamente o romantismo de passear na praça e levar as crianças para brincar. São lembranças que nunca serão esquecidas. Viva a praça!....Viva o verde!....

José Carlos Farina - Advogado - Rolândia - Pr.

INFÂNCIA EM ROLÂNDIA NORTE DO PARANÁ

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FOLHA DE LONDRINA:

https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/minha-infancia-no-norte-do-parana-875186.html