terça-feira, 20 de abril de 2021

FARINA RELEMBRA A INFÂNCIA NA PRAÇA CASTELO BRANCO DE ROLÂNDIA

Não sou muito antigo não, mas tenho na minha mente que a antiga praça Castelo Branco (ex-Bento Munhoz), antes da reforma, era um lugar encantado para mim. Minha mãe costumava levar eu e meus irmãos aos domingos para passear ali depois da matinê do Cine Rolândia. 
A praça era o "point" de Rolândia. Como não existia ainda televisão a maior parte da população ficava passeando a pé no trajeto da igreja matriz até a citada praça. Os casados com suas esposas e filhos e os solteiros só na "paquera". As pessoas colocavam suas melhores roupas. Era um verdadeiro desfile de moda. Lembro-me que minha mãe usando saia "plissada". Ela ficava linda e muito elegante vestindo-se assim. Eu e meus irmãos tínhamos terninhos com calças curtas e jaquetas. Modéstia à parte éramos crianças bonitas (até para os padrões de hoje). Ficamos feios com o passar do tempo... 
No centro da praça havia o famoso coreto conhecido como tartaruga. Ele era lindo e era a marca registrada do lugar. Se eu fosse o prefeito da época (Primo Lepri) jamais o teria desmanchado. Em cima do coreto havia uma grande corneta onde um "speak" tocava músicas e mandava recados para os(as)  namorados(as). Não faltava pipoqueiros. Naquele tempo era chique comer pipoca na praça. Era ostentação. 
Lembro-me que entre os arranjos de arbustos, flores e gramados haviam passarelas cobertas de pó de pedra. Conforme andávamos ouvíamos o barulho do atrito dos sapatos com as pedrinhas. A molecada gostava deste som. Haviam muitos bancos de "marmorite" com a estampa dos patrocinadores. 
A antiga festa das nações era feita ali na Avenida Tiradentes e a praça integrava o ambiente. No local havia um grande relógio que ainda pode ser visto ao lado da Estátua do Roland, só que na época funcionava. A Estátua do Roland estava fixada onde hoje temos o chafariz. As crianças amavam ficar olhando para ela e imaginado cenas de guerra com o nosso herói cortando as pessoas pela metade com aquela enorme espada. Do lado da estátua depois de alguns anos colocaram um Televisor.  A Tv ficava protegida com grade de ferro. Do lado a antena (e nunca houve furto).  As 18 horas vinha um funcionário da prefeitura e ligava a Tv para o delírio da grande plateia que comendo pipocas e outras guloseimas gritavam torcendo para os mocinhos do "Bonanza". Na hora da novela só se via mulheres chorando com os diálogos de amor de João Coragem e Diana e enxugando as lágrimas. Do lado esquerdo, em frente a atual sorveteria, havia uma carreira de árvores "santas bárbaras". Hoje sobrou apenas uma delas (mas está podre). Embaixo destas "santas bárbaras" tinha um parquinho infantil. Lembro-me de um grande balanço e as crianças fazendo fila para brincar. A praça não era cortada no meio como agora. Ela pegava a quadra inteira. Quando o trem chegava na estação (ao lado da praça) a maioria corria para lá para ver quem chegou e quem ia embarcar. Era chique dar "tchau" para quem estava saindo de viagem. Algum tempo depois no governo Primo Lepre a praça foi remodelada. Ela foi cortada no meio. Levaram o Roland lá para baixo (não sei porque). Colocaram pequenos tanques para peixes e um viveiro com alguns animais e pássaros. A sensação da nova praça, agora Castelo Branco, foram as luminárias Siemens importadas da Alemanha com seus super-postes com mais de 30 metros de altura. Para vocês terem uma ideia, estas lâmpadas clareavam até lá na casa dos meus pais (próximo ao campo do Nacional). E não é mentira não. 
Hoje, após a segunda remodelação, posso dizer que se não fosse o empenho dos ambientalistas, tinha sobrado poucas árvores no local. Não existe praça sem árvores. Queriam cortar quase tudo. Tivemos que brigar muito. O meu desejo agora é que a população descubra novamente o romantismo de passear na praça e levar as crianças para brincar. São lembranças que nunca serão esquecidas. Viva a praça!....Viva o verde!....

José Carlos Farina - Advogado - Rolândia - Pr.

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