domingo, 28 de abril de 2013

LINGUIÇAS DEFUMANDO EM CIMA DO FOGÃO - ANOS 60/80 NORTE PARANÁ

Era costume na roça nos anos 60 a 80 deixar defumar as linguiças caseiras  em cima do fogão "caipira" movido a lenha. O sabor era inigualável. Nunca faltava "mistura". Quando chegava uma visita era só pegar uma linguiça ali do fogão e fritar. JOSÉ CARLOS FARINA

ENVIADA POR;;;;;;;;;Amarildo Mororó
Linguiça de porco. Tá servido?


ENVIADA POR;;;;;;;;;Amarildo Mororó

RÁDIO - DIVERSÃO NA ROÇA NOS ANOS 60 NORTE DO PARANÁ

Meu avô e tios nos anos ouviam toda noite "a voz do Brasil". Era um rádio da mesma marca ( Semp) e um lampião igual a este. Um cafezinho feito na hora passado no coador de pano e um cigarro "paieiro". Sempre aparecia algum amigo para ouvir junto e prosear depois. JOSÉ CARLOS FARINA
Quem conhece?
Curtam nossa página: https://www.facebook.com/SouDaRocaMoco

sábado, 27 de abril de 2013

BANHO COM CHUVEIRO COM CORDINHA - NOS SÍTIOS DO NORTE DO PARANÁ

ENVIADA-POR-Bigatto Zacca
ESSA É DAS ANTIGAS....
ENVIADA-POR-Bigatto Zacca
QUANDO NÃO ERA NA BACIA OS BANHOS ERAM FEITOS A PARTIR  DESTE CHUVEIRO COM CORDINHA. A ÁGUA ERA ESQUENTADA NO FOGO E DEPOIS COLOCADA AÍ DENTRO JÁ "TEMPERADA". PASSOU A SER UM CONFORTO NOS SÍTIOS. JOSÉ CARLOS FARINA

DADOS HISTÓRICOS DE ROLÂNDIA - PR.


HISTÓRIA DE ROLÂNDIA

O povoamento de Rolândia teve início em 1932 com a chegada dos primeiros colonos alemães que haviam comprado terras na Gleba Roland, assim denominada em homenagem ao lendário guerreiro medieval Roland - um dos doze pares da França, sobrinho de Carlos Magno. A fundação da cidade aconteceu em 29 de junho de 1934, com o início da primeira construção urbana – o Hotel Rolândia. A partir daí, várias construções se sucederam, dando origem a uma próspera vila, no meio da mata.

Várias construções se sucederam, dando início a uma próspera vilaA fundação da cidade de Rolândia fez parte de uma grande campanha para a colonização do Norte do Paraná, iniciada em 18 de fevereiro de 1926, com a Portaria nº 65, do Governo do Paraná, determinando a demarcação das áreas adquiridas pela Companhia de Terras Norte do Paraná, subsidiária da Paraná Plantation Ltda, cujos donos eram ingleses. A venda dos terrenos começou em abril de 1929, no governo de Afonso Alves de Camargo. A Cia. de Terras Norte do Paraná,  em parceria com a Paraná Plantation e Cia. Ferroviária São Paulo-Paraná, planejou e executou audacioso plano de colonização da região, nos moldes de outro projeto, desenvolvido na região de Araçatuba (São Paulo), a partir de 1911. Áreas que mais tarde seriam patrimônios ou cidades foram reservadas, com distâncias médias entre 10 e 15 quilômetros, entre elas, justificando hoje a proximidade entre cidades de uma mesma região. Numa segunda etapa, as glebas foram divididas em pequenas propriedades e vendidas,  principalmente aos imigrantes.

a Igreja Luterana - um dos marcos da religiosidade dos colonos alemãesOS ALEMÃES - Corria o ano de 1932 e, na Alemanha, o Ministro Erich Koch- Weser, conhecendo o plano de colonização da Cia. de Terras Norte do Paraná, estudava a possibilidade de fundar uma colônia alemã  nesta região do Brasil,  dando oportunidade aos cidadãos que não encontravam meios de trabalhar em seu país. Vale lembrar, todavia,  que a primeira colonização alemã introduzida no Paraná remonta ao ano de 1829, com a chegada de 300 colonos à região onde hoje estão as cidades de Rio Negro e Mafra.
A COLONIZAÇÃO -   convidado pelo Ministro Koch-Weser, o engenheiro agrícola Oswald Nixdorf assumiu a incumbência de fundar essa colônia que garantiria o a fertilidade da terra roxa atraiu colonos de todos os cantosfuturo do imigrante alemão. Nixdorf chegou ao Norte do Paraná (Londrina)  1932, com a esposa Hilde e a filha Gizela. Depois de escolher a gleba e demarcar os lotes, Nixdorf e sua família mudaram-se para a Gleba Roland, por ocasião do Natal daquele ano. O próprio Ministro Koch-Weser, por razões políticas, imigrou para o Brasil, vindo, com a família, pouco mais tarde, integrar o grupo de colonizadores de nossa cidade. A fama da fertilidade da “terra roxa” se espalhava pelo mundo e o Norte do Paraná ficou conhecido como a Canaã Brasileira. Em pouco tempo, mineiros, paulistas, nordestinos e filhos de imigrantes alemães, radicados em Santa Catarina e Rio Grande do Sul chegaram a Rolândia. Outros imigrantes estrangeiros vieram somar-se aos primeiros moradores e muito contribuíram para o seu desenvolvimento: japoneses, italianos, suíços, espanhóis, sírio-libaneses, húngaros, poloneses, tchecos e austríacos, entre outros.
EMANCIPAÇÃO – Ex-distrito de Londrina, Rolândia obteve sua emancipação em 1943 e a instalação do novo município aconteceu no dia 1º de janeiro de 1944. Nessa época, a exemplo de outros municípios brasileiros que mudaram seus nomes, de origem germânica, devido à Segunda Guerra Mundial, a cidade era chamada de Caviúna (numa referência à madeira nobre encontrada na região). A denominação definitiva do município – Rolândia – só foi oficializada em 1948.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

FUNDADORA FUNDADOR ( FUNDAÇÃO ) DE ROLÂNDIA EM 1932


A fundadora de Rolândia foi indiscutivelmente a Companhia de Terra Norte do Paraná  que em meados de 1931/ 1932 - antes de todo mundo - enviou para o local os topógrafos e "mateiros" para abrirem as primeiras "picadas" e demarcarem os lotes. É claro que quando estas primeiras comitivas da Companhia chegaram no local da futura cidade não havia nada aqui, a não ser mata virgem, bichos e pássaros. Consta nos relatos e documentos que a Companhia de Terras efetuou a venda do  primeiro lote urbano ao Sr. Elmar Kirschnich em maio de 1932. Antes disso, porém, já havia vendido lotes rurais a imigrantes japoneses, ainda em 1932. No dia 29 de junho do 1934, teve início a primeira construção do perímetro urbano: o Hotel Rolândia, de propriedade do russo Eugênio Victor Larionoff. Temos também os pioneiros Osvald Nixdorf,  johannes Schauf, família Dietz e Koch-weser que também no ano de 1932 aqui fincaram suas raizes. TEXTO e FOTO de JOSÉ CARLOS FARINA

BRINCADEIRA DE "PULAR CORDA" - ANOS 60 / 90

BRINCADEIRA DO "BÉTIS" OU "TACO" - ANOS 60 / 90

Vamos ver se consigo explicar a brincadeira, é assim: no jogo as equipes são formadas por 2 integrantes cada, ficando um de cada equipe junto a “cela”. Enquanto uma equipe está com o taco, a outra fica com a bola. O objetivo do jogo é cruzar (ou bater) os tacos, a equipe que bater os tacos na quantidade pré- estabelecida primeiro ganha o jogo, mas para isso tem que rebater a bola arremessada pela equipe adversária ,que tem o objetivo de derrubar a cela. Quando a cela é derrubada a equipe que está com a bola passa a ficar com o taco. Lembrou?

BRINCADEIRA DA "QUEIMADA" - ANOS 80 / 90

Divididos em dois times, grandes grupos de crianças suam a camisa (correndo o tempo todo) com o objetivo de eliminar os adversários com boladas e fugir das tentativas deles de eliminá-los.

BRINCADEIRA DO "ESCONDE-ESCONDE" - ANOS 60 / 90

Uma criança é escolhida por sorteio, ela se vira para uma parede, conta até trinta e as outras vão se escondendo.Ela tem que encontrar as crianças e correr até a parede e bater dizendo o nome da criança que ela encontrou. A primeira que ela encontrar será a próxima que vai procurar as outras. Nessa mesma parede é o pique, o local onde crianças que não foram encontradas podem bater um, dois, três e ficar livre de ser a próxima a ter que procurar quem se esconde.

BRINCADEIRA DA "CABRA CEGA" ANOS 70 / 90

Forma- se uma roda e uma criança é escolhida para fica vendada no centro de todos. Ela gira três vezes e tenta pegar alguém que está na roda. Quando, a criança que estiver vendada, descobrir quem é a criança que ela pegou e dizer seu nome, essa passa a ser a próxima a ser vendada.

BRINCADEIRA DO "PEGA-PEGA" - PIQUE" OU "SALVA" - ANOS 60 / 80


Pega-Pega OU "SALVA"
Esta brincadeira consiste em uma das crianças ser o “pegador”. A pessoa que ela tocar primeiro e pegar, será a próxima a ser o próximo “Pegador”. Tem também o “pique”, onde quem está fugindo pode tocar e ficar protegido de ser pego. A brincadeira só termina quando todas as crianças forem pegas. Na "salva" quem está pegando tem que "tocar nas crianças  que estiverem soltas. Depois que forem "tocadas ou pegas" vão para o "mastro"... quem estivem "pegando" além de "pegar" as  que estiverem soltas tem que cuidar para quem ninguém "liberte ou salve" as que estiverem "presas

BRINCADEIRA PULAR AMARELINHA - ANOS 60 / 90


BRINCADEIRA DO PASSA ANEL - ANOS 60 a 90


Passa o anel,quem já brincou?

ROLÂNDIA - SESSÃO DA CÂMARA DE VEREADORES EM 1948

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - LIVRO DO DR. ORION VILANUEVA

ROLÂNDIA - PRAÇA CENTRAL EM 1950

coreto 1950 - conhecido como "tartaruga". Pesquisa José Carlos Farina

ROLÂNDIA - PADARIA E OFICINA DIETZ - PRIMEIRAS CONSTRUÇÕES

1937 - AO LADO DO HOTEL ROLÂNDIA - PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA

ROLÂNDIA - COLÉGIO SOUZA NAVES - 1940

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA

HOTEL ESTRELA - 2ª CONSTRUÇÃO OFICIAL DE ROLÂNDIA

HOTEL ESTRELA - HOJE HOTEL PINHEIRO - PESQUISA JOSE CARLOS FARINA

ROLÂNDIA EM 1937

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA


ROLÂNDIA - CONSTRUÇÃO DO GINÁSIO DE ESPORTES EMÍLIO GOMES

1974 - PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA

ROLÂNDIA - INAUGURAÇÃO DA ESTÁTUA DE ROLAND

Pesquisa José Carlos Farina.

SANTINHO ELEITORAL EM ROLÂNDIA DÉCADA DE 40

Pesquisa de José Carlos Farina

Rolândia em 1957

Rolândia em 1957 - o prédio alto no centro da foto é a atual móveis Romeira. ( antigo Cine Rolândia) - foto Dr. Orion Vilanueva - pesquisa José Carlos Farina

quinta-feira, 25 de abril de 2013

JUDEUS EM ROLÂNDIA - PRESSÃO PSICOLÓGICA DURANTE A GUERRA



Reprodução
Agathe Kroch, Mestre em Física pela Universidade de Munique, integrava a equipe de Albert Eeinstein na Universidade de Princeton, nos Eestados Unidos, antes de se ir morar em Rolândia

Lucius de Mello 

As famílias judias não sofreram nenhum tipo de violência física dos vizinhos nazistas em Rolândia, mas tiveram de suportar a imagem da suástica flamulando na colônia, além de algumas agressões verbais e preconceituosas. "Os senhores imaginem, meus amigos, o susto que levei logo que desembarquei em Rolândia", disse Vagner Volk para Samuel Naumann e Justin Kroch. Os três refugiados judeus tinham ido juntos à cidade comprar alimentos, lamparinas e insumos agrícolas na Casa Guilherme. Doutor Weber, dono da loja, também participava da conversa. Mais uma vez, Vagner Volk repetia o que lhe aconteceu no primeiro dia em que pisou em Rolândia, em novembro de 1935. Contou que no trajeto até o hotel, ele e a família tiveram de passar bem na frente da Escola Alemã e viram o culto nazista realizado pela turma de Oswald Nixdorf. A suástica imponente, hasteada e sendo adorada por todos ali, os gritos de Heil Hitler! "Imaginem vocês, eu vendo e ouvindo tudo aquilo acontecendo aqui na selva brasileira, a milhares de quilômetros de distância da Alemanha. Meus amigos, esse pobre judeu aqui quase enfartou. O mundo todo está virando nazista, pensei. Eles estão por toda parte! Será que de nada adiantou fugir da Alemanha?", indagou Volk.
Se não bastasse a presença dos nazistas, os refugiados judeus também tiveram de suportar o patrulhamento rigoroso que a Polícia Política fazia nas fazendas. Foi por meio do rádio que ficaram sabendo que o governo brasileiro rompeu relações com os países do Eixo e declarou oficialmente guerra contra a Alemanha, Itália e Japão. Esse aparelho de rádio, no caso, foi o único da colônia que não foi levado pelos homens de Getúlio Vargas. Ele pertencia ao judeu Justin Kroch. Isso aconteceu porque ele não era alemão, e sim polonês. Toda a comunidade semita da região ia ouvir as notícias da guerra na fazenda dos Kroch. Ficavam horas a fio ligados na programação da rádio BBC de Londres, que eles conseguiam sintonizar.
O Fim da Segunda Guerra
A situação piorou quando os policiais quiseram apurar a denúncia de que os imigrantes guardavam caixas com armamentos e munição. Muitos judeus abriram imensos buracos na terra vermelha para esconder armas, objetos e bibliotecas inteiras dentro de caixas de madeira. Todos os livros escritos em alemão que a polícia encontrava eram apreendidos e queimados. Os judeus só podiam sair de Rolândia se portassem um documento chamado salvo-conduto, expedido pela polícia do Paraná. A cada viagem, a autorização precisava ser renovada. Algumas famílias judias tiveram suas correspondências violadas por ordem do comando do Exército Brasileiro.
Em Rolândia, durante a Segunda Guerra, a polícia e os imigrantes contavam os prejuízos. Principalmente nos últimos momentos do conflito, as pessoas consideradas súditas do Eixo sofreram violência aqui no Brasil. Com raiva da Alemanha, os brasileiros invadiram lares, quebraram portas, janelas, saquearam casas e lojas que pertenciam aos alemães. Bateram e apedrejaram em quem ousava sair às ruas.

Com o fim da guerra, a paz voltou a reinar em Rolândia e os imigrantes puderam levar uma vida mais tranquila. Hoje, todos os refugiados judeus que chegaram adultos naquela época já estão mortos. Os que vieram para cá jovens e crianças, já são idosos, mas guardam o passado vivo na memória. A maioria deixou a cidade paranaense para viver principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Curitiba, Estados Unidos e Europa. Mas há quem tenha criado raízes na terra vermelha e que não deseja deixar Rolândia. Refugiados que permaneceram nas fazendas, morando na mesma casa de madeira, grande e acolhedora. É o caso da senhora Inge Rosenthal, a única refugiada de Rolândia que foi salva pelo Kindertransport (missão de resgate que salvou a vida de milhares de crianças judias que foram levadas para a Inglaterra), quando ainda era menina.
Dona Inge criou os filhos e hoje, viúva, vive sozinha na fazenda, cercada de livros, um lindo jardim, beija-flores e muitas lembranças. Assim como na maioria das residências das famílias judias, a de dona Inge também continua com a mezuzah (pergaminho que contém passagens do Torá) na ombreira da porta principal. E dentro da pequena cápsula de metal, o velho pedaço de pergaminho enrolado mantém intacto um trecho, em hebraico, do quinto livro de Moisés: "Amarás o eterno seu Deus de todo coração e com toda sua alma". É um sinal de que a religiosidade dos refugiados judeus de Rolândia foi mais forte do que os ventos implacáveis da travessia e violência que eles enfrentaram.
Nota Com exceção de Erich Koch-Weser, Johannes Schauff, Agathe e Elisabeth Kroch, Oswald Nixdorf e Inge Rosenthal, os refugiados citados nesta matéria foram mantidos com os mesmos nomes fictícios, a pedido dos familiares, que aparecem no livro A Travessia da terra vermelha - uma saga dos refugiados judeus no Brasil.
Lucius de Mello é jornalista, pesquisador do LEER/USP (Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo) e autor do livro A travessia da terra vermelha - uma saga dos refugiados judeus no Brasil (Ed. Novo Século).

quarta-feira, 24 de abril de 2013

TIÃO PIPOQUEIRO DE ROLÂNDIA - O MAIS FAMOSO

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - VOZ DE ROLÂNDIA - Na décadas de 60 a 90 ele era o mais popular da cidade. Sebastião Lucato.

AEROPORTO ( CAMPO DE AVIAÇÃO ) DO KM. 5 DE ROLÂNDIA

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - A VOZ DE  ROLÂNDIA
O POSTO DE GASOLINA MENCIONADO NA MATÉRIA ESTAVA LOCALIZADO ONDE HOJE É A VALENTIN CONFECÇÕES.

PIONEIRO DE ROLÂNDIA JOHANNES SCHAUFF

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - A VOZ DE ROLÂNDIA
Ele liderou um grupo de pioneiros alemães na região do km. 7 , saída para São Martinho.

MARIA TEIXEIRA GEORG - UMA DAS PRIMEIRAS PROFESSORAS DE ROLÂNDIA

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - VOZ DE ROLÂNDIA
Ela foi também a primeira secretária da educação nos anos 50.

ANTIGA FAVELA DE ROLÂNDIA - VILA DO SAPO

PESQUISA JOSÉ CARLOS FARINA - VOZ DE ROLÂNDIA
A FAVELA DO SAPO ESTAVA LOCALIZADA NO ATUAL KARTÓDROMO.























CONSTRUÇÃO DA ARQUIBANCADA DO NAC NACIONAL DE ROLÂNDIA

PESQUISA DE JOSÉ CARLOS FARINA NO  JORNAL "A VOZ DE ROLÂNDIA" - ADMINISTRAÇÃO JOSÉ  PERAZOLO











PORCO NO TACHO NO NORTE DO PARANÁ


Um dia divertido na roça é quando o meu tio ou o meu avô matavam porcos cevados. Fora a parte triste de  ver e ouvir o porco agonizar e gritar durante minutos, gostávamos de ver limpar o couro para tirar os pelos. Esta tarefa era feita com folhas secas de bananeiras em chamas ou com água fervendo. Após passavam uma faca super afiada como se estivessem fazendo a barba. Após estar limpo o porco  era colocado sobre um giral de madeira onde era partido ao meio. As ferramentas eram facões, martelo e machadinha. Já em duas  partes começavam a retirar as vísceras e os órgãos internos. A molecada pegava a  "bexiga" para brincar fazendo-a de balão. Já cortado todo em pedaços  pequenos o porco era todinho frito num grande tacho usando a própria banha. Depois de frito toda a carne era armazenada em latas de 20 litros encobertas pela banha quente. Depois de algum tempo a gordura  esfriava e endurecia, conservando esta carne por muito tempo, mesmo sem geladeira. Neste mesmo dia além de fritar a carne fazíamos linguiça e chouriço. Era costume sagrado mandar um pedaço de carne para todos os vizinhos que pudessem ouvir os gritos do porco em agonia de morte. É que acreditava-se que a molecada após ouvir os gritos do porco morrendo ficava com lombriga.  JOSÉ CARLOS FARINA

CRÔNICA - CAUSOS E FATOS ENGRAÇADOS DE POLÍTICOS DE ROLÂNDIA


DUELO NA CÂMARA
Converso sempre com os políticos antigos de Rolândia. O falecido Horácio Negrão (pai) de saudosa  memória  contou-me um dia que no tempo em que ele era secretário da Câmara Municipal, nos anos 50, uma noite ele estava redigindo  a ata, quando o "pau comeu". Os vereadores da época (Benedito Ferreira era o presidente) começaram a discutir, de repente os ânimos se exaltaram e começaram a "rancar" revólveres e colocar em cima de mesa. Ele (Sr. Horácio) e o presidente abandonaram o recinto e foram se esconder lá nos fundos do quintal, em uma moita  de bananeira. A Câmara funcionava nesta época ao lado da atual prefeitura, onde funciona a junta militar.JOSÉ CARLOS FARINA

CHEIRO DO BERGER
No tempo em que fui vereador, uma noite  recebemos a visita do Sr.  Berger que  havia sido convidado para falar sobre a poluição que sua firma causava em nossa cidade. Um colega pediu a palavra e dirigindo ao convidado, assim falou: - "Novos vereadores, eu quero dizer que o Sr. Evaldo Ulinski não fede muito, mais o Sr. Berger tá difícil de aguentar. A carniça está insuportável".  JOSÉ CARLOS FARINA

QUASE CAIU NO PÚBLICO
Em um comício que participei há mais de 20 anos atrás, no bairro rural São Rafael um dos nossos candidatos  (primeiro nome começa com  N....) estava tão bêbado que em um determinado  momento ele estava caindo sobre o público. Só não caiu porque Perazolo o segurou pelo paletó, pegando-o em pleno ar.   JOSÉ CARLOS FARINA

ARNO GIESEN
Essa do N...  bêbado me contaram que ele estava prá  lá de Bagdá, e tinha um buraco no chão da carroceria do caminhão do comício. Aí ele pisou dentro do buraco e desabou. Quem levantou ele parece que foi o Paulo Sato. Em outra ocasião num comício, na mesma campanha, o Nelson estava tão bêbado que, quando foi fazer o discurso, gesticulando muito, o microfone escapou da mão dele e caiu sobre o público... não preciso comentar a reação do povão...

ARNO GIESEN
Aliás, candidato turbinado em campanhas eleitorais era coisa comum em Rolândia. Uns tomavam para criar coragem, outros é porque gostavam mesmo. Duro era quando esqueciam o que queriam falar. Me lembro de um que quis começar o discurso, mas não conseguia, e ficou um minuto, quase, em silêncio. Tiveram que pegar o microfone das mãos dele. E tinha um conhecido apresentador de comício que também exagerava nas doses, e acabava falando mais que os candidatos. Um bom apresentador em Rolândia era o Itamar Grano. Que hoje está residindo em Londrina.
José carlos Farina 
Teve um outro candidato que na mesma campanha de 1982, depois de enrolar quase todo o fio do microfone na mão, assim se expressou: - "Se vocês não quiserem votar em mim, não tem problema não; vocês podem votar em um desses outros candidatos que estão aqui em cima". Só que ao mostrar os outros candidatos ele usou o microfone e girou o corpo com muita rapidez fazendo com que os outros companheiros mais próximos tivessem que abaixar para não receber um "microfononada" no rosto. O riso foi geral.

Nesta mesma campanha de 1982 um candidato F.... (hoje falecido) usou da palavra no bairro Ceboleiro e quando lembrou do tempo em que "jogava bola" com Perazolo e outros jogadores no campo ali próximo, começou a chorar literalmente, não  conseguindo mais falar nada. Se abraçou com o Perazolo e chorou em seu ombro. No público uns riram e outros choraram também...
José Carlos Farina 
Este mesmo candidato F... discursando com emoção no centro da cidade no  encerramento assim se pronunciou: - Meu nome é F.... e o meu número é.... pensou um pouco e como não se lembrou perguntou a Perazolo: - qual é mesmo o meu número Perazolo? Perazolo disse que também não sabia, fazendo com que encerrasse a sua participação abruptamente com muitos risos da platéia.
Em uma outra companha (1992) o candidato J... discursava na Vila Operária, se empolgou e passou do tempo de encerrar. Estava "se achando"... O João Dário que estava do seu lado o cutucou por trás para que encerrasse. O candidato muito emocionado e achando que estava atraindo ciume de algum adversário, virou-se abruptamente e gritou no  microfone: - "quem  está me cutucando? Não gosto que me cutuquem por trás! A gozação foi geral.

Um candidato a vice estava tão acanhado na hora do discurso no centro da cidade que ficou o tempo todo de sua fala com um dos pés em cima do estrado do caminhão. Parecia um Cowboy escolhendo um boi para laçar.  

JOSÉ CARLOS FARINA
No mandato que exerci de 1988 a 1992, em uma determinada sessão discutimos  durante mais ou menos 30 minutos um determinado projeto de lei. A polêmica envolvia este que vos escreve contra o bloco conhecido como grupão. Depois que os ânimos estavam exaltados o presidente encerrou os debates e passou para  a votação. Um vereador, meu companheiro de partido, que estava sentado do meu lado, me cutucou e perguntou: - Como que você quer  que eu vote? Eu, irritado, respondi: - Se depois de meia hora de debate você não chegou a nenhuma conclusão, vote do jeito que quiser! Veja o nível de certos vereadores.

Arno Giesen
Quem não conhece o  A... em Rolândia ? Que já foi  candidato a prefeito e a vereador. Mas foi também membro do MDB (não PMDB), ainda nos tempos difíceis, da ditadura (Perazolo & cia. viriam depois)... Pois é, o A.... sempre foi um pouco folclórico, e se ele ler o que escrevo aqui vai querer brigar comigo. Mas ele tinha uma mania, de aparentar ter Contactos e conhecimentos com gente importante. Quando a gente ia na chácara dele, no escritoriozinho de madeira que ele tinha lá, ele pegava o telefone e começava a falar: "Puxa vida, Delfim Neto (era o Ministro da Fazenda), eu já falei pra você resolver aquele problema da dívida externa, assim não dá, espero que você faça o que combinamos, etc, etc...". E colocava o telefone no gancho. E aí  comentava com a gente: "Esse Delfim não tem jeito, mas vou reclamar pro presidente, etc., etc...." Quem ouvia o A...., sempre de terno beje e grava vermelha, ficava impressionado... Menos eu e alguns poucos, que o conhecíamos de outros carnavais, e sabíamos que o telefone já estava cortado há muito tempo por falta de pagamento...

Arno Giesen
E não vou falar o nome, Farina, do ex-vereador (várias vezes) que tinha a mania de "arrumar casos" para advogados, gostava da companhia dos causídicos... A vítima preferencial era o saudoso Dr. Antonio Pincelli, que também era  vereador. Uma vez ele "arrumou" um inventário para o Dr. Pincelli, disse que era coisa grande, envolvia várias fazendas, inclusive nas proximidades de Rolândia, e que daria para ganhar uma grana. Mas acrescentou que teriam que ir a S.Paulo, pois a viúva residiria lá. Pois aí, um belo dia, foram para S.Paulo. Parece que até a Santos. E procuraram, e o Dr. Pincelli com endereço na mão, não conseguia localizar o local, parece que não existia o número na rua, ou algo semelhante. E assim ficaram uns 3 dias em S.Paulo e Santos, comendo em bons restaurantes, dormindo em hotéis, tudo por conta do inventário que iria ser feito... O Pincelli voltou, e depois dessa nunca mais quis saber dos casos arrumados pelo tal vereador.

José carlos Farina
Quanto a estória do A.... estou rindo até agora... Quem conhece a figura sabe que tudo isto é verdade. Ele decididamente ficou na  história de Rolândia justamente por estas passagens. Lembro-me que ele foi candidato a prefeito em  1988 e a campanha era tão pobre, tão pobre que ele mandou tirar xerox dos santinhos dos seus candidatos a vereador e ainda recomendou que dessem apenas um santinho para cada eleitor. E pior, isto não é mentira. A campanha era tão pobre, tão pobre que ele usava um gravador portátil, super velho, com o  cabeçote sujo para gravar para o horário político gratuito. O som era péssimo, "cortava" o tempo todo. Como fundo musical ele usava um  disco antigo de vinil  gravado há décadas passadas em 78 rotações. Pena que ninguém gravou para a história.

JOSÉ CARLOS FARINA
Um dia o A...  marcou uma audiência com o prefeito Perazolo.  Tive a honra de participar da mesma. Ele pediu à Perazolo um grande terreno com  cerca de 10 alqueires para montar uma industria. Perazolo perguntou que tipo de industria ele queria montar. ele respondeu: - " Estamos montando um conglomerado de industrias no ramo da mandioca. A mandioca chega bruta e vai passando por vários segmentos. No primeiro segmento ela é ralada. no segundo é seca, no terceiro peneirada, no quarto extraímos a farrofa, no quinto a fécula....e por aí afora. Infelizmente o Perazolo não tinha todo o terreno disponível e o empreendimento não saiu até hoje.  A ideia não era ruim, só não   entendemos onde ele iria conseguir o dinheiro.

José carlos Farina
Além do terno bege e da gravata vermelha A.... gostava muito de um paletó xadrez dos anos 70, super curto, daqueles conhecidos de "c... em pé". Ele também tinha ou tem um pequeno cacoete: pequenos assopros entre uma frase e outra, virando a cabeça de lado. gente boa taí...meu amigo. vamos perguntar a ele se saí candidato novamente.

JOSÉ CARLOS FARINA
A coragem é a maior virtude que um político pode ter. Eu que já fui candidato quatro vezes  ganhando duas, posso testemunhar. Não é nada fácil uma eleição. Vocês não imaginam como o povo nos procura para tudo. Aparece gente com contas de água, luz, querem remédio, querem leite em saquinho.. leite em pó.. , querem bujão de gás, querem enterrar parentes que já morreram mais de 10 vezes... Se vc diz que não tem dinheiro o cara sai xingando, dizendo que vai votar para outro candidato... Bom até vc peneirar e saber quem é que de fato vai votar em  vc demora... O eleitor te procura de madrugada, pertuba a sua mulher, a sua mãe, o seu irmão... querendo que eles também distribuam brindes que vc não tem...

José carlos Farina
Mas digo pra vocês, vencer duas eleições consecutivas  foi uma das alegrias maiores que tive na vida. É inesquecível. Não apenas pelo cargo, pelo salário... mas por você saber que tem 432 (no meu caso) amigos que lhe confiaram o voto, que lhe deram uma procuração em branco para fazer o melhor trabalho possível, para vc falar no lugar deles aquilo que eles têm vontade mas não tiveram oportunidade. E foi sempre pensando neste monte de amigos que procurei ser sempre o vereador mais atuante, o que mais apresentou projetos, o que apresentou denúncias e o que mais discursava na tribuna. Comecei a ser conhecido escrevendo (com o apoio e incentivo do Arno) para o jornal a Tribuna de Rolândia (1978). Nunca confessei isto, mas os meus padrinhos políticos foram o colega Arno, José Tadeu Mota e depois o Perazolo).  A "cabo eleitoral" nº 1 minha sempre foi a minha mãe, e depois o meu irmão Paulo Ademir. A família toda gosta de política mas estes dois superam... ia esquecendo o meu sobrinho Paulo Augusto Farina desde pequeninho demonstrava aptidão para a política e já me ajudava ainda pregando as minhas fotos nos postes e distribuindo santinhos. Eu ensina a ele  o pouco que sei, sobre postação de voz, sobre como dirigir o olhar e o esquema do discurso. Ele ouvia com atenção e acabou superando o tioAgora professor mesmo foi sempre o Perazolo. Perazolo tinha defeitos como todos nós temos, mas ele era insuperável no discurso e no "corpo a corpo". Só ele sabia entrar em qualquer casa, seja de pobre ou de rico e ser bem recebido. Ele sabia como abraçar, como beijar uma criança, falar com o idoso, o trabalhador braçal... a dona de casa.. o jovem...o atleta... Carisma como o dele ainda está para aparecer em Rolândia...

José carlos Farina
O Eurides tem o seu jeito próprio de conquistar. Ele aparenta sempre a figura do vovô, com severidade e ao mesmo tempo simpatia. Não é a toa que ele se elegeu três vezes  para prefeito.

José carlos Farina
O carisma de Perazolo Indiscutivelmente Perazolo foi o político mais carismático de Rolândia, de todos os tempos. Fui companheiro de Perazolo por mais de 25 anos (nunca mudei de grupo) e posso falar que ele era amado por crianças, jovens, mulheres, homens e idosos. Ele sabia cativar a todos. Ele era muito espontâneo ao abraçar, ao cumprimentar. Sempre tinha uma palavra e um carinho para todos. Ao abraçar ele sempre apertava o rosto da pessoa contra o dele e falava: - "Me ajuda meu irmão. A classe trabalhadora não pode ficar sem um líder  Nem que for um cima de um caixote eu jamais deixarei de defender a nossa classe. O voto não se compra, se conquista. Minha mãe branca,. minha mãe preta, fiquei órfão quando era muito jovem, e fiquei responsável por seis irmãos, todos pequenos e sei o quanto é triste uma criança pedir um doce e a gente não ter o dinheiro para comprar. Se nós formos vencedores vocês não terão na prefeitura um prefeito, mas um irmão". Ele sempre tinha uma palavra para o pobre, para o rico, para o jovem, para as mulheres, para os idosos, para as pessoas da cidade e para as pessoas da roça. Ele sabia entrar e sair de qualquer ambiente. Lembro-me que na campanha vitoriosa de 1988, após o último comício na Vila Oliveira fomos comer um lanche na Holandesa  Chegando lá o ambiente não nos era favorável. 80% das pessoas que ali estavam eram do grupão. Eu, e outros candidatos à vereador nos sentamos e cumprimentamos apenas os conhecidos. Já Perazolo passou de mesa em mesa e na maior cara de pau, pediu votos pra todos. Só ele mesmo!....Ganhou aquela eleição sem gastar quase nada. Já o adversário mesmo contratando Ronnie Von, Sidney Magal e Trio los Angeles....perdeu é claro.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

MINHA INFÂNCIA NA ROÇA NO NORTE DO PARANÁ 2 ( ANOS 60 )




Passava quase todas as minhas férias escolares no sítio dos meus tios e avós. Acordávamos de madrugada quando os pássaros começavam a alvorada nas árvores do pomar e na mata próxima do riacho. É claro que o galo também já estava cantando nesta hora (já estava até rouco). Tomávamos um café reforçado com pão, café e leite. A manteiga era feita no próprio sítio (minha avó batia a nata do leite). Quando não tinha manteiga usávamos gordura de porco, queijo branco ou torresmo para comer junto com o pão. Meu tio ia para o curral ordenhar as vacas. Eu e meus primos corríamos para lá com canecas na mão para tomar o leite com espuma e açúcar que o meu tio esguichava diretamente dos tetos da vaca.
BRINCANDO EM MEIO À  NATUREZA
 Depois deste leite delicioso íamos para o rio pegar seixos (pedras aredondadas) para  a nossa costumeira caçada de estilingue. As pedras colocávamos em um embornal atravessado no ombro. As vezes ficávamos uma manhã inteira atrás dos pássaros mas não conseguíamos abater nenhum ( eles eram muito ariscos ). Quando não era com estilingue pegávamos pombas juritis com arapucas feitas de taquara e arame. Após "tratar" (dar comida ) aos porcos e  vacas muitas vezes selávamos os  cavalos e saíamos a cavalgar  pelas estradas da região que eram muito bonitas. Não havia perigo... todas as pessoas eram boas e conhecidas. Passávamos por elas e dizíamos "dia" ( era o jeito caipira de falar bom dia). Lembro-me até hoje das paisagens... dos rios... estradas.. o cheiro da terra... o perfume da florada do café... o barulho das águas do riacho... O ar próximo ao rio era muto gostoso e tinha um cheiro especial...  O almoço era servido as 10 horas. Primeiro tínhamos que levar as marmitas para os adultos que estavam na lida da terra... carpindo ou colhendo café.  As marmitas era envoltas em guardanapos de panos com nós nas pontas. Nas marmitas além do arroz com feijão sempre vinha um ovo frito, um pedaço de carne de porco ou de frango.. um pedaço de torresmo...  mandioca frita... As variações eram feitas com legumes da época e saladas. A sobremesa estava ali do lado no pé de laranja ou de tangerina. Era só pegar. As vezes a minha avó colhia na hora um pepino ou uma pimenta para complementar a alimentação. A tarde depois de alimentarmos novamente a galinhas, porcos,vacas e cavalos íamos para o rio nadar ou pescar. 
NADANDO NO RIACHO
Para nadar tínhamos que represar o riacho que era muito raso. Juntávamos  pedra e galhos e fazíamos o rejunte com argila. Quando a água chegava na altura dos joelhos para nós já era uma alegria. Já podíamos nadar estilo "cachorrinho". Minha avó ficava na margem olhando e cuidando para ninguém se afogasse (como se fosse possível naquela água rasa). Meu tio Mané uma vez nos ensinou que engolindo um filhote de lambari  vivo a pessoa aprende a nadar. Toda a molecada da família engoliu um lambarizinho vivo. Coitadinhos... (dos lambaris). O efeito psicológico foi bom pois todos nós aprendemos a nadar para "o gasto". As vezes levávamos peneiras para pescar. Sempre pegávamos lambaris, cascudos e camarões. Mas o que vinha mesmo eram girinos ( filhotes de sapo). Argh!.. não gosto deste bicho.... 
FAZENDA DE MENTIRINHA
Outro brinquedo na roça consistia em montar sítios de mentirinha usando chuchus, abobrinhas  e laranjas para fazer de conta que eram vacas ou cavalos. Espetávamos gravetos neles imitando as patas e as cabeças. As cercas eram feitas de barbante. As casas, curral e paiol fazíamos com tijolos e pedras. Fazíamos os "caminhos" e "estradas" todas enfeitadas com flores. Aquele que tinha sonho de ser fazendeiro acabava com o chuchuzal da minha vó porque queria o pasto cheio de bois ( haja chuchu). Mas a minha avó era esperta... à  tarde quando acabávamos de brindar ela ia lá e pegava os legumes para cozinhar para o jantar ( a gente nem ficava sabendo). 
BRINCANDO DE TARZAN
Uma vez, imitando o Tarzan do cinema, fizemos arco e flechas mas nunca dava certo. Queríamos que o arco atirasse bem longe a flecha. começamos a desenvolver técnicas. Cada dia fazíamos arcos com uma madeira diferente. Até que um certo dia meu tio Mané nos  ensinou que a madeira boa para isso devia ser o marfim.  tá... mas como iriamos saber no meio de uma floresta com milhares de árvores qual seria o tal marfim? Meu tio ensinou como era a cor do tronco e o formato das folhas e lá fomos procurar. Quando voltamos todos felizes com a que supúnhamos ser Marfim ele abanou a cabeça e disse: - Esta é "Farinha Seca". Mas não é que a tal "Farinha seca" era boa para a confecção de arcos!... Nossos arcos agora eram quase iguais ao do Tarzan. As flechas fizemos de taquaras e amarrávamos penas de galinha na parte anterior. Coitadas das galinhas!... até dar certo quase deixamos uma lá totalmente depenada. Agora  faltava a lança. Logo achamos uma faca velha que foi pregada na ponta de um cabo de enchada. Graças a Deus que não  nunca brigávamos entre nós porque agora estávamos armados de fato igual ao Tarzan. (Só ficou faltando a tanga). 
CONSTRUINDO UMA JANGADA
Em outra oportunidade ficamos dias tentando construir uma  jangada igual uma que vi também num filme do Tarzan ( ou era do Jim das Selvas? não tenho certeza). Toda madeira que usávamos afundava. Usamos até um tacho da minha vó.. mas que!... afundou... Pegamos a mantimenteira ( em forma de caixote)... também afundou... Até que mais uma vez o tio Mané nos deu uma grande ideia.  Entre uma tragada ou outra do cigarro "palheiro" ele nos disse que a Imbaúva é oca por dentro e poderia dar certo... menino!.. ele salvou a pátria...  agora sim.. tínhamos a jangada e também mais um herói... o tio Mané... que virou nosso ídolo. Ficamos  todos metidos navegando de jangada na represa e pescando lá no meio do lago... armados de arco, flechas e lança  (vai que aparece uma onça). Eu ficava com a flecha no jeito para flexar algum peixe grande ou algum jacaré... mas eles nunca apareceram... 
LAMPIÃO DE VAGALUMES 
Em outras férias no sítio do meu tio, meu irmão Pedro foi junto. Na primeira noite ele ficou com medo dos ratos enormes que costumavam "passear" pelo quarto.  Ele pediu ao tio Mané para deixar uma lamparina acesa, mas ele disse que não podia por causa da fumaça que depois de algum tempo prejudica a saúde. Com dó do Pedro o primo Toninho teve uma idéia que salvou a pátria ( O Pedro já  estava querendo voltar à pé para Rolândia).  Na boca da noite saímos pegando vagalumes e colocando dentro de uma garrafa transparente. Não é que deu certo. Agora o Pedro ( e nós também) tínhamos lâmpadas de graça e sem fumaça. Só que o tio Mané falou para o Pedro para ele de vez quando soltar a rolha para os bichinhos respirarem. Resumo: o Pedro não sentiu mais medo mas também não dormiu.. ficou a noite inteira cuidando dos bichinhos. 
PRIMEIRA BEBEDEIRA
Na falta do que fazer em outra oportunidade fomos visitar o alambique de pinga que tinha lá na vizinhança. Como somos bastantes curiosos ficamos ajudando o senhor Constantino (dono do alambique) até que saísse a pinga após o processo de destilagem. Ajudamos a cortar cana.. moer a cana..  fermentar a cana... ferver o caldo... e aí.. tan tan tan tan... enfim saiu ou caiu a famosa pinguinha brasileira diante dos nossos olhos... toda branquinha...cheirosa... (deu até vontade)...  Como trabalhamos bastante o senhor  Constantino encheu um copo da pinga da mais fraca e deu para nós. A sede era tanta que bebemos como se fosse água. O senhor Constantino teve que se ausentar dali e aproveitamos para beber mais... O resultado é que chegamos em casa os quatros abraçados para não cair... cantando "Saudade do Matão" e rindo sem parar. Minha vó Dolores quando viu a cena começou a chorar... o que que a Tana (minha mãe) vai falar de mim?... vai falar que dei pinga pra vocês!... que eu não cuidei de vocês... Tivemos que prometer que não contaríamos para a minha mãe senão nunca mais poderíamos voltar em férias no sítio. 
TRABALHO NA ROÇA
A molecada da nossa família a partir dos 6 ou 7 anos já ajudava os pais nos serviços da roça ou da casa. Além de tratar dos animais tínhamos que ajudar a plantar e colher arroz, feijão e milho.  Limpávamos também os troncos dos cafeeiros com as mãos, afastando os grãos de café para que os adultos  pudessem rastelar e peneirar o café.  
MATANDO UM PORCO
Um dia divertido na roça é quando o meu tio ou o meu avô matavam porcos cevados. Fora a parte triste de  ver e ouvir o porco agonizar e gritar durante minutos, gostávamos de ver limpar o couro para tirar os pelos. Esta tarefa era feita com folhas secas de bananeiras em chamas ou com água fervendo. Após passavam uma faca super afiada como se estivessem fazendo a barba. Após estar limpo o porco  era colocado sobre um giral de madeira onde era partido ao meio. As ferramentas eram facões, martelo e machadinha. Já em duas  partes começavam a retirar as vísceras e os órgãos internos. A molecada pegava a  "bexiga" para brincar fazendo-a de balão. Já cortado todo em pedaços  pequenos o porco era todinho frito num grande tacho usando a própria banha. Depois de frito toda a carne era armazenada em latas de 20 litros encobertas pela banha quente. Depois de algum tempo a gordura  esfriava e endurecia, conservando esta carne por muito tempo, mesmo sem geladeira. Neste mesmo dia além de fritar a carne fazíamos linguiça e chouriço. Era costume sagrado mandar um pedaço de carne para todos os vizinhos que pudessem ouvir os gritos do porco em agonia de morte. É que acreditava-se que a molecada após ouvir os gritos do porco morrendo ficava com lombriga. 
COLHEITA EM MUTIRÃO
Quando o meu pai, tio e avós iam colher arroz costumavam fazer mutirão. Vinha todos os meus tios, primos e alguns vizinhos ajudar. Uns iam cortando com o "ferro curvado"... outros amarrando em forma de feixes e trazendo na bancada de madeiras para outros "baterem".  Conforme os grãos iam se desprendendo e caindo sobre o encerrado outros iam ensacando... outros iam trazendo para a carroça que por sua vez trazia até a tulha. Na colheita do feijão tínhamos que arrancar os pés de feijão secos e amontoá-los perto do carreador onde passava um adulto com carroça para recolher. Já na terreirão alguém batia este feijão com um "reio de madeira" para que as vagens abrissem e soltassem os grãos.  Para colher o milho primeiro tem que "quebrá-lo" ou seja entortar o tronco pelo meio para que o milho acabe de secar e para que não pegue umidade. Após algumas horas deste trabalho pesado nossos pais e avós nos liberavam para deliciosos banhos no rio ou na cachoeira. 
TIRANDO OS BICHOS DE PÉ
Lembro que quase todo dia pegava  "bicho de pé" em algum dos dedos dos pés. E após coçar por dias ( coceira forte ) o bicho ficava gordo e formava  uma bolinha amarela. Aí a minha tia, mãe ou avó tirava-os com o uso de uma agulha e queimava-os na lamparina. Era um alívio ficar sem aquele incomodo. (ficava feliz de vê-los fritar na lamparina). 
MEU AVÔ
Gostava de ver o meu avô dando milho para as galinhas a tardezinha (ele tinha mais de 200). Elas vinham todas e ficavam em volta dele. Ele ia debulhando a espiga com a mãos e jogando no chão e gritando: - pipipipipi... Meu avô era muito trabalhador e quando chovia pedia para nós ajudá-lo a roçar o pasto... fazer vassouras e passar óleo de mamona nos arreios. Ele aproveitava também para engraxar as rodas da carroça e afiar as ferramentas com lima. Outra tarefa era replantar café onde houvesse falhas. Lembro-me até hoje dele com um cigarrinho de palha no canto da boca... seu chapéu preto... sua botina com tiras nas pontas... trabalhando a vida inteira até poucos anos de morrer ( com 90 anos). Ele  tratava os seus animais com muito amor e obtinha deles também muito carinho. toda a vez que saia com o cavalo na volta tratava dele com milho e o escovava por inteiro.  (quando eu e meu primo saíamos à cavalo tínhamos que fazer o mesmo). 
HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO
Meu avô e meu tio sempre recebiam visitas à noite para um bate-papo na cozinha. O fogão caipira estava sempre aceso e eu e meu primo o Toninho empoleirados nele para nos aquecermos. Minha tia coava um café cujos grãos foram colhidos na própria roça e torrados em casa. Tenho o cheiro deste café na minha mente até hoje... Eu e o meu primo comíamos pipoca e ficávamos atentos a toda conversa. Os causos falavam de uma luz que aparecia na entrada de uma determinada fazenda no estado de São Paulo e seguia as pessoas até que elas chegassem em casa ( o meu tio foi um deles).   Outro causo era de uma alma penada que gemia em baixo de uma ponte... Segundo a lenda só desapareceu quando mandaram rezar uma missa. Tinha também um que mencionava uma assombração que só descansou quando conseguiu contar para alguém onde tinha enterrado uma fortuna em moedas e ouro. Depois de ouvir todos estes causos íamos dormir, mas agora com medo... cobríamos bem os pés pois acreditávamos que alguma assombração pudesse nos puxar para debaixo da cama. Quando reuníamos os primos nas festas de final de ano contávamos estes causos e todos prestavam bastante atenção. E na hora de dormir sempre tinha um que pedia para acender uma lamparina por causa do medo. E ainda mais com o meu primo Toninho gemendo debaixa da coberta e dizendo: - "eu sou uma alma penada e vim te buscar... eu tô na porta do quarto.. eu tô do lado da sua cama... ahhahahahah te peguei!.....
MINHA AVÓ
Lembro de minha vó sentada em sua máquina de costura em frente a uma janela que dava para o jardim. Tinha um pé de camélia e lembro-me de tudo.. até do perfume das flores... Ela sempre nos pedia com carinho que a ajudasse  carpir o pomar. Em troca ela  fazia para nós cural de milho, pipoca ou  bolinhos para o café da tarde... hum que delícia. Lembro-me da minha avó assando pães e frangos no seu forno caipira de tijolos e barro. Ela  pedia para nós para colhermos o mato gachuma para fazer a vassoura que ela usava para varrer as brasas  do forno.  
FESTAS DE FINAL DE ANO
As festas do final do ano eram uma delícia no sítio do meu avô. Juntávamos vários primos. Depois do almoço que não podia faltar leitoa, frango assado, pernil e guaraná antartica nós brincávamos o dia inteiro. É claro que sempre ocorria uma ou outra briga. Sentíamos prazer de brincar perto dos pais e tios e todos riam muito. O meu tio Manoel ficava contando causos e a molecada prestava atenção. A noite dormíamos todos num mesmo quarto e ficávamos contando de novo aqueles causos, principalmente os de assombração. Os mais medrozos pediam para ascender uma lamparina pois ficavam com medo. A casa do sítio não era forrada e ficávamos olhando a claridade nas telhas cada vez que o meu tio ou avô davam tragadas em seus cigarros de palha. A parte ruim do sítio era tomar banho de bacia com sabão feito em casa e ouvir os enormes ratos à noite inteira  andando perto da sua cama.  
CAÇADAS COM O TIO MANÉ
As domingos saímos com meu tio Manoel ou para caçar passarinhos com alçapão ou para caçar bichos maiores. Na caça de bichos meu tio contava com o auxilio de cachorros americanos que uivavam o tempo todo. Muitas vezes andávamos um dia inteiro atrás destes cachorros que não paravam de uivar. A gente acreditava que tinham farejado algum bicho... mas era só "frescura" deles... não tinha bicho nenhum... aí o meu tio falava assim: - seus putos!... vocês são uns bostas.. da próxima vez vou largar vocês em casa... ele falava sério.. eu e meu primo, o Toninho, ríamos bastante. O duro é que os cachorros entendiam e abaixavam a cabeça após a bronca. 
FESTAS JUNINAS
Nas festas juninas a molecada se divertia bastante pulando a fogueira e soltando buscapé e bombinhas. Comíamos pipoca, bolo de fubá  e tomávamos leite com chocolate ou chá. A meia noite na passagem de "São João" muitos andavam descalços no tapete de brasa e não se queimavam. Eu fui um deles. Verdade... Havia também as novenas e terços. Enquanto os adultos rezavam a molecada brincava de esconde-esconde, salva e balança caixão. Depois sempre era servido uns pedaços de bolo com chocolate ou chá. Os adultos tomavam uma bebida conhecida como anizeti (essência de aniz, água e pinga). 
BAILES DA ROÇA
Aos sábados sempre tinha baile de sanfona nas imediações. Todo mundo se encontrava nestes bailes. Os rapazes e adultos tomavam  "rabo de galo"  ou "batida de amendoim".  A música era sempre a mesma e o estilo de dança idem... Depois de um certo tempo de dança ninguém aguentava a poeira que erguia em baixo da barraca de lona. Chegávamos em casa assoprando tijolos pelas narinas. Era muito bom as caminhadas pelas estradas em noites de lua cheia.Vínhamos em grupos de jovens conversado... fumando e contando as proezas que  fizemos durante a semana que findava. Uns tropicando pelo excesso de batida de "amendoim"... Outros vomitando de tão bêbados que estavam. 
COMPRAS NA CIDADE
O gostoso mesmo era acompanhar o meu tio ou avô nas compras na cidade. Vínhamos de charrete. Parávamos na venda e esta era a hora de tirarmos a "barriga da miséria"... comíamos paçoquinha com guaraná e chupávamos sorvetes de groselha com direito a repetir... era bom demais. Era tão gostoso passear de charrete. Lembro-me de tudo. Até o cheiro do cavalo suado de tanto andar (formava espuma em baixo do arreio). O meu tio meio alegre depois de tomar umas branquinhas... o povo do patrimônio... outras carroças no caminho... as meninas bonitas nas janelas escondendo a boca com a mãos com vergonha sei lá do que... (nós idem)...  
NORTE DO PARANÁ
O norte do paraná sempre foi um  ótimo lugar para se viver e trabalhar. Talvez seja exagero mas sempre digo que  aqui é o melhor lugar do mundo para se viver. Sou suspeito pois nasci aqui e sei que aqui vou morrer um dia (não tenho pressa). Um abraço a todos que leram esta crônica até o fim. Deus  abençoe a todos.  JOSÉ CARLOS FARINA

LEGENDA DA FOTOS: Na 1ª foto o autor da crônica com 12 anos e na 2ª meus avós e o Tio Mané ( que foi bastante citado na matéria)