domingo, 26 de dezembro de 2010

OS "CONSERVAS" DE ESTRADAS EM ROLÂNDIA - PR.

OS "CONSERVAS"

Até o final da década de 70 a Prefeitura mantinha "os conservas estradas"....Era um grupo grande de operários que saiam à pé cada dia por uma estrada rural para (com enxadas e enxadões) abrir e limpar as caixas  armazenadoras de água pluviais...Estas caixas eram (e são) necessárias para evitar que as estradam inundem e impeçam o livre transito de pessoas, carroças e carros...O Sr. Aurelio Viali era um dos feitores destas turmas... 
O grande comandante era o Sr. Alexandre Lanfranchi.
JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

NÃO HAVIA POSTOS DE SAÚDE

TEMPO DIFICIL PARA A SAÚDE

Até os anos 80 a prefeitura não mantinha nenhum posto de saude...Havia sómente a APMI que foi idealizada para atender as mães e bebes carentes...Eram tempos dificieis neste setor. Se a pessoa não tinha dinheiro para consultar com médico particular socorria-se de remédios caseiros, farmaceuticos,  benzedeiras e curadores. A maioria dos partos eram feitos por parteiras práticas. A primeira parteira de Rolândia foi uma senhora da família Shurmann. Depois veio a dona Henriqueta Lali.

JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

O COMEÇO DO ASFALTAMENTO DA CIDADE DE ROLÂNDIA - PR.

Asfalto antigo

 Na administração Primo Lepri a asfalto chegou em frente a minha casa onde a minha mãe mora até hoje (em frente ao Nac - Av. Pres. Bernardes)...Lembro-me que o asfalto era planejado para durar décadas e suportar qualquer peso...A primeira camada era de pedra basalto (tamanho grande)..Os operários assentgavam estas grandes pedras com marretas pesadas. Nas frestas colocavam areia mista. Depois ia diminuindo....eram várias camadas....entre uma camada e outra espargiam piche quente...A molecada se divertia em ver a novidade...O Sr. José Murilo da Urbasa era o chefe da obra.... 

JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

MOTONIVELADORAS "APLAINAVAM" AS RUAS EM ROLÂNDIA

CONSERTANDO AS RUAS
Lembro-me do Sr. Natal Mengali....todo o dia com a sua patrola (motoniveladora) nivelando as ruas de terra e as estradas de terra...todo o dia...Ele era super eficiente e competente...O melhor que conheci na prefeitura...Ele era dedicado...não perdia nem dia nem hora....trabalhou a vida inteira...Se aposentou e continuou a trabalhar
com motoniveladora para a Impacto asfalto...Eu era criança e gostava de ve-lo passando levando um monte de terra vermelha com a plaina...Ia soltando aquele cheiro gostoso de terra...(a melhor do mundo...) O Sr. Natal  merece um premio de um dos  melhores funcionários que a Prefeitura ja teve....JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

AGUAR AS RUAS DE ROLÂNDIA

CAMINHÃO PIPA
 
Na década de 50 e 60 a prefeitura mantinha diariamente um caminhão pipa aguando as ruas...As crianças iam correndo atrás pegando peixinhos....Sim....peixinhos!...É que a prefeitura captava a água numa nascente onde era o antigo curtume e os pequenos lambaris vinham junto....dava pra fazer um fitrada (risos) Brincadeira....
Um dos motorista era o Sr. José Luiz...(lembro-me dele) 
JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.

SEU CARDOSO - LAÇADOR DE CACHORROS

SEU CARDOSO - UM HOMEM MUITO FORTE


O seu Cardoso, de saudosa memória, era amigo da família Farina. Ele era muito forte. Quando eu era vereador nos anos 80 tive o prazer de entrevistá-lo. A entrevista,  por escrito, encaminhei na época para o o nosso museu (não sei se guardaram como deviam). Entre outras coisas ele me disse que chegou aqui em 1934 quando tudo era mato. Ele foi um dos lenhadores que ajudaram a derrubar a mata virgem no perímetro central da cidade. Ele me disse que ajudou a derrubar a mata ali nas proximidades do Colégio Souza Naves. Depois ele trabalhou na abertura do leito da estrada de ferro. Ele relatou que usavam enxadões e picaretas. A terra era tirada de um lugar e levada por carroças puxadas por burros para outro lugar. Os burros eram ensinados. Era só carregar e dar uma voz de comando e eles iam sozinhos levar para o outro lado para descarregar. Seu Cardoso tinha como passatempo caçar "jacús" ali pra baixo do atual Colégio Santo Antonio. Nos anos 60, 70 e 80, seu Cardoso era o laçador de cachorros da carrocinha. Eu e os demais moleques da época torcíamos contra ele. Eu tinha ( e tenho ainda) dó do destino que os cães tinham. ( virar sabão). Mas a culpa não era dele. Ele era funcionário da prefeitura e cumpria com as ordens de seus superiores. Na época era assim que funcionava. Hoje nem carrocinha temos.

JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.,

NIKOLAUS SCHAUFF - FALA SOBRE TRADIÇÕES ALEMÃES

NIKOLAUS SCHAUFF

Nikolaus Schauff, um dos pioneiros da localidade. Aos 70 anos, o agricultor, que chegou à região em 1939, também viu seu pai, perseguido político por Hitler, voltar à Europa em 1950. Testemunha e protagonista do processo de colonização, Schauff elenca o que chama de “o que sobrou da influência alemã” na cidade: grupos folclóricos que têm seus pontos altos durante a Oktoberfest; sessões de filme em alemão no Centro Cultural Brasil-Alemanha e mesas-redondas no Clube Concórdia, locais em que os mais velhos se reúnem para preservar a cultura. Há ainda prédios históricos que datam do período de pujança que iniciou com o café, beneficiado pela terra roxa da região, que a fez ser conhecida como a “Canaã Brasileira”.
Nikolaus além de fazendeiro, foi vereador de 1982 a 1988, pres. da Corol, pres. do Club Concórdia e colaborador da antiga Fundação Arthur Thomas.

sábado, 25 de dezembro de 2010

LIVRO ASPECTOS HISTÓRICOS DE ROLÂNDIA - CLÁUDIA PORTELINHA SCHWENGBER

FOTO DA CAPA E DA ESCRITORA DO LIVRO



ROLÂNDIA - TERRA DE PIONEIROS - DR. ORION VILLANUEVA

EIS A FOTO DA CAPA E DO AUTOR  DO  LIVRO

FOTO INÉDITA DA ESTAÇÃO DE TREM DE ROLÂNDIA

FOTO INÉDITA DA ESTAÇÃO DE TREM DE ROLÂNDIA


CLIQUE EM CIMA DA FOTO PARA AUMENTAR.
OS MONTES DE LENHA AO LADO DOS TRILHOS ERAM PARA ALIMENTAR A "MARIA FUMAÇA". VEJAM "LÁ NA FRENTE" A CAIXA D´ÁGUA EXISTE NO LUGAR ATÉ HOJE.
VEJAM QUE DO LADO DE BAIXO DA LINHA DO TREM A FLORESTA AINDA ESTAVA INTACTA. DO LADO DE CIMA HAVIA AINDA UM BOSQUE COM UM EXEMPLAR DE ARAUCÁRIA.
TEXTO JOSÉ CARLOS FARINA

O TRABALHO DOS PIONEIROS

POR ETNIA

Na derrubada da mata, quem trabalhou mais foram os migrantes mineiros e baianos. É claro que muitos pioneiros de outros etnias também derrubaram a mata virgem.

No plantio, formação e colheitas de café e cereais foram os italianos seguidos dos japoneses, alemães e espanhóis.

No comércio foram os portugueses, árabes e judeus alemães.

Na utilização do capital (dinheiro) os judeus alemães. Muitos judeus alemães moravam nas fazendas mas sempre contaram com o trabalho de  lavradores brasileiros para a lida no campo.

No plantio de hortas e frutas foram os japoneses e suiços.

JOSÉ CARLOS FARINA

FOTO DA DERRUBADA DA MATA INÉDITA

VEJAM QUE INTERESSANTE
A Companhia de terras utilizou-se também deste trator esteira, além do trabalho braçal e de animais muares.
JOSÉ CARLOS FARINA

QUEM FUNDOU ROLÂNDIA ? By FARINA

APENAS A VERDADE

(foto de Hans Kopp)

Rolândia foi fundada pela Companhia de Terras Norte do Paraná, a partir de 1932. Os primeiros trabalhos de colonização a Companhia fez tudo sozinha: a)- Planejamento; b)- projetos; c)- mapas; d)- levantamento topografico; e)- demarcação de todos os lotes rurais e urbanos; f)- abertura de todas as ruas e estradas; g)- preocupação com construção de hotel; h)- construção da linha férrea e estação ferroviária; i) - venda dos lotes.
Pessoas como Koch Wesser, Johannes Schauff e Osvald Nixdorf contribuiram para as reservas de lotes em glebas separadas para alemães e judeus, ajudando-os nos primeiros anos da colonização. Os demais pioneiros italianos, japoneses, suissos, portugueses, brasileiros, e outros tiveram que se virar sozinhos. A maior parte das florestas foram derrubadas por trabalhadores braçais vindos do Estado de São Paulo e muitos mineiros e baianos.
Toda a colonização do norte do paraná foi muito bem organizada pela Companhia de terras. Quase nunca houve reclamação de áreas faltantes. Todos os diretores, funcionários e corretores da Companhia  eram  homens  de bem e honraram sempre a palavra e os contratos estabelecidos.
O norte do paraná só é o que é hoje graça ao trabalho e seriedade da Companhia de terras.
JOSÉ CARLOS FARINA

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

JOHANNES SCHAUFF ( PIONEIRO DE ROLÂNDIA )

JOHANNES  SCHAUFF


Nasceu em 1922 na aldeia de Stommeln (Colonia) alemanha. Após o colegial Schauff estudou filosofia. Atuou como diretor executivo da Sociedade para a Promoção da colonização interna, em Berlim.
Durante a República de Weimar Schauff no Partido do Centro Católico, elegeu-se deputado  de julho 1932 a novembro de 1933 pelo círculo eleitoral de 8 (Lienitz) do Reichstag. Após a ascensão dos nazistas, em 1933, ele foi perseguido e perdeu o cargo. Depois de perder seu mandato Schauff se mudou com sua família de volta para uma fazenda perto da fronteira com a Holanda.  O também pioneiro Erick Kock-weser negociou com a empresa inglesa  Paraná Plantation Ltda  uma reserva de lotes para colonos alemães na Gleba Roland.  Estes esforços culminou na fundação do assentamento Rolândia, no Paraná. Assim, Schauff adquiriu a Fazenda Santa Cruz que se tornou um centro de adaptação de jovens católicos vindos da Alemanha. Participou também das negociações que possibilitou a vinda de 150 familias da alemanha para o Brasil, a maioria de origem judia, e que estavam sendo perseguidas por Hitler, e que escaparam do extermínio. Em 1950 retornou a Europa estabecendo-se na Itália. Pelo seu trabalho em beneficio de refugiados no mundo inteiro Schauff foi condecorado por vários paises. Em Rolândia, juntamente com Max Hermann Maier e Henrique Kaplan idealizou a construção da Fundação Arthur Thomas (hoje Hospital São Rafael). Schauff escreveu varios livros entre eles  "25 anos de Rolândia, um estudo para a colonização do norte do Paraná. Schauff faleceu na alemanha em 1990. Teve 4 filhos no Brasil: Cristóvão, Tobias, Nicolau e Marcus e outros 5 filhos residem na Europa e Estados Unidos.
HANS KOPP - 1º  FOTÓGRAFO
Uma das  paixões de Kopp era fotografar as cidades do alto de uma árvore . Desmontava a câmera, colocava-a numa mochila e se preparava para uma aventura. Utilizando-se de técnicas de alpinismo, improvisava uma escada no tronco da árvore: à  medida que subia, pregava tabuinhas que serviam de degraus. Amarrado por uma corda, conseguia chegar ao topo. Lá, escolhia um galho firme, montava a câmera e passava o dia capturando imagens. Fotografou várias cidades da região e registrou do alto, Rolândia despontando no meio da mata virgem. Figura 46 - Do alto de uma árvore registrou Rolândia e Londrina, Duas cidades que despontavam em meio à mata virgem.
Orion Villanueva6, autor do livro Rolândia: Terra de Pioneiros (1974), conheceu Hans Kopp logo que se mudou para Rolândia, em março de 1948. Conforme relatou, apresentaram-no como o primeiro fotógrafo da cidade, que também era conhecido como o alemão que subia nas árvores. “Em nosso primeiro encontro, tentei falar em alemão com ele. Mas eu falava muito mal o alemão, ao contrário de Hans que falava muito bem o português. Ele era muito bem humorado e ainda brincou com a situação”, relembra Orion. Hans Kopp ficou conhecido como sendo de procedência alemã, por causa do idioma que falava, mas o alemão era a língua oficial da Áustria, seu verdadeiro país de origem. Villanueva conta que quis saber que idéia era aquela de subir em árvores para fotografar e Kopp respondeu: “estou fixando para o futuro as imagens de uma cidade que está começando”. Relatou que a maior dificuldade era subir com a câmera fotográfica. Ele tinha
receio de derrubar o equipamento, pois se quebrasse seria muito difícil consertá-lo. Ele justificava a paixão em registrar cidades dizendo que na Europa havia cidades milenares, que, infelizmente, não existia máquina fotográfica para eternizar as imagens da época que estavam começando, e sentia-se feliz em poder registrar, agora, o início das cidades do norte do Paraná. Segundo Villanueva, Kopp era um homem inteligente, culto, com formação européia e muito criativo. Fazia previsões sobre a cidade e dizia que, em pouco tempo,
aquelas casinhas de madeira que ele fotografava seriam substituídas por casas de tijolos. E que o café seria responsável pelo desenvolvimento rápido da cidade. “Quando soube que eu estava escrevendo o livro sobre Rolândia, ele me parabenizou e disse que eu estava eternizando nas palavras, o que ele eternizava nas imagens.” (CASSIA MARIA POPULIN). Nos anos 80 tive o prazer de receber a sua visita em meu escritório. Conversamos bastante sobre os primeiros anos em Rolândia e sua experiencia como pioniero em fotografia. Pena que na época não possuia filmadora. José Carlos Farina

ENCONTRO DE LOCOMOTIVAS DIESEL COM VAPOR


Encontro histórico nos anos 60.

TRENS E O NORTE DO PARANÁ - BY FARINA

TUDO COMEÇOU COM O TREM


A Companhia de Terras norte do Paraná pensou em tudo. Como a nossa terra argilosa se torna quase que intransponível em dias de chuvas, logo no começo a Companhia já iniciou os trabalhos da construção da ferrovia de Ourinhos a Londrina e depois com o tempo até Maringá. Apesar da floresta virgem os imigrantes e migrantes aqui chegaram trazendo tudo o que precisavam nos trens. As primeiras produções era exportadas pelos trens. Os primeiros animais (cavalos, gado, galinhas e porcos) vierem de trem. Não foi fácil construir a ferrovia no meio da selva, sem poder contar com máquinários modernos. A maior parte dos serviçoes eram feitos no enxadão e carregando a terra com carroças puxadas por muares. A estação de Londrina foi inaugurada em 1935, no mesmo dia em que a ponte sobre o rio Jataizinho foi inaugurada, dando passagem ao trem, que chegava a uma cidade que havia crescido muito desde sua fundação em 1929. No início de Londrina e do norte do Paraná tudo girava em torno dos trens. Quando a Maria Fumaça apitava lá na curva o chefe da Estação tocava um sino (que está lá até hoje) e muita gente vinha para conferir quem estava chegando e quem estava viajando. Todas as novidades chegavam no trem. Os homens iam lá para ver as mulheres. As mulherem iam para ver as roupas diferentes vindas de São Paulo. Outros iam ver só o trem, afinal era uma máquina que dava medo...aquele assopro quando o maquinista soltava o excesso de vapor....a molecada corria de medo. Muitos iam só para dar tchau para quem partia ( Era chique dar tchau para quem partia.) Bem, em resumo era isto...o trem fazia (e faz) parte de Londrina e de todo o norte do Paraná.
JOSÉ CARLOS FARINA - ADVOGADO (ROLÂNDIA)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

GEERT KOCH-WESER - PIONEIRO EM ROLÂNDIA - PR. BRASIL

A salvação na floresta

Norte do Paraná serve de refúgio a perseguidos dos nazistas, entre eles um menino que é hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha



Lembrança
Geert Koch-Weser, hoje de volta à Alemanha, viveu na fazenda Veseroda entre 1934 e 1969 e ainda sente saudade dela
Os cabelos brancos como neve jogados para trás exibem uma fronte ampla com poucas rugas e uma fisionomia tranqüila, mas ligeiramente severa. A expressão marcante do rosto é dominada por olhos azuis muito claros, sugestivos, vivos. Olhos de quem pôde chegar aos 94 anos com aparência de pouco mais de 80, depois de atravessar, ora como testemunha, ora como ator, quase todo o século. O alemão Geert Koch-Weser, nascido em 1905 numa pequena aldeia da região de Bremen (Bremerhaven), nas margens do Rio Weser, mal consegue falar o português. Mas demonstra forte emoção quando lembra "dos mais bonitos anos" de sua vida, 35 ao todo, passados no norte do Paraná, onde ajudou a fundar o núcleo agrário e, mais tarde, a cidade de Rolândia, a cerca de 40 quilômetros de Londrina.

Resultado de uma das últimas levas da imigração alemã para o Brasil, iniciada há 175 anos, ainda no Império, com a fundação de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, Rolândia tem uma história singular. Foi síntese e espelho dos dramáticos anos 30 e 40. Começou como válvula de escape para o desemprego e a miséria que grassavam na República de Weimar, enterrada em fevereiro de 1933 pela ascensão de Hitler. Rolândia desenvolveu-se ao tornar-se um porto seguro para intelectuais, religiosos, políticos e judeus perseguidos pelo nazismo.

Em 1930, dois jovens agrônomos alemães, amigos de infância em Bremen, se encontraram nos Estados Unidos. Estavam de volta para casa. Geert vinha de experiências na Rússia, China, Japão e Canadá. Oswald Nixdorf, dois anos mais velho, chegara de Sumatra, na Indonésia, onde trabalhava com colonização. Especializado em agricultura tropical, ele também se aventurara mundo afora, em busca de experiência e sustento. "Disse a Nixdorf que meu pai, ministro na Alemanha, precisava de alguém para iniciar um projeto de colonização no Brasil", diz Geert, com uma lembrança ainda fresca, 70 anos depois.

Erich Koch-Weser, seu pai, deputado por um partido liberal e ministro do Interior do governo alemão, era, desde 1929, presidente da Sociedade de Estudos Econômicos do Ultramar. Criada em 1927, a instituição tinha como objetivo encontrar saídas para o grande desemprego na Alemanha. Através dela, Erich Koch-Weser negociou com os ingleses da Companhia de Terras Norte do Paraná a compra de uma gleba para instalar a colônia alemã. "Em 1932, meu pai enviou Nixdorf para que pudesse fazer os preparativos para a chegada dos primeiros colonos", lembra Geert.

Nixdorf foi mais do que entronizador. A Mata Atlântica era fechada, as condições de trabalho severas. "Para os colonos, a maioria desorientados, ele foi um conselheiro muito camarada, altruísta e, com seu grande otimismo, encorajador", disse Geert em depoimento sobre Rolândia para o Instituto Hans Staden, em 1986. Ao todo, 400 famílias alemãs ou de origem alemã foram para a região. A maioria era de colonos nascidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Cerca de 80 famílias, que chegaram entre 1932 e o início da Segunda Guerra, eram de católicos, protestantes, políticos, intelectuais e judeus que fugiam do nazismo. Entre eles, o próprio Erich Koch-Weser, o filho Geert e o mais jovem deputado alemão da época, Johannes Schauff, ligado à hierarquia católica. Anos depois, muitos fizeram o caminho de volta, como o próprio Geert, seu filho Caio Koch-Weser, hoje vice-ministro de Finanças da Alemanha, e o amigo Bernd Nixdorf (leia matéria).

Antes de deixar a Alemanha, em 1939, Schauff representava a empresa que controlava a Companhia de Terras Norte do Paraná, a Parana Plantations, sediada em Londres. Geert lembra ter sido intermediário de uma operação concebida por Erich Koch-Weser ou Oswald Nixdorf, conhecida como "operação triangular". Por ela, 25 famílias judias puderam escapar do destino trágico em campos de concentração. Também foram beneficiados não-judeus. Com a intermediação da empresa, indústrias alemãs vendiam aos ingleses material para a construção da ferrovia que ligava a região à Alta Sorocabana. Os emigrantes pagavam o material, após vender suas propriedades, e recebiam cartas com que podiam adquirir lotes na colônia de Rolândia. "É comum vermos até hoje, no material ferroviário, registro da procedência alemã", diz Klaus Nixdorf, filho de Oswald, morador de Londrina.

Foi graças a essa operação que a família de Cláudio Kaphan pôde sair de Sczezin, na Pomerânia, atual região polonesa, e fixar-se em Rolândia. Hoje com 73 anos, Kaphan tinha 10 quando chegou ao Brasil. "Como meu pai era agricultor na Pomerânia, não tivemos tanta dificuldade para trabalhar a terra", lembra Kaphan. Contrastavam com as outras famílias judias e alemãs, chefiadas por representantes da intelectualidade berlinense. Mas o futuro estava lançado e convinha adaptar-se. Como se adaptaram os herdeiros de Schauff, entre eles o filho Nicolau e irmãos. Dono de fazenda em Rolândia, Nicolau Schauff foi um dos fundadores de uma das mais bem-sucedidas cooperativas agrícolas do país, a Corol, hoje presidida por um descendente de italianos.

Ironicamente, quem mais teve de lutar para vencer a adversidade foi o precursor Oswald Nixdorf. Enquanto a maioria ganhava dinheiro com o boom do café, na década de 50, Nixdorf sustentou um processo de dez anos contra o Estado brasileiro para reaver suas terras. Acusado durante a guerra de ser representante do governo nazista, amargou a expropriação e seis meses de prisão em Curitiba. Quando conseguiu recuperar a fazenda, o boom do café havia passado. Até hoje existem feridas abertas entre os que participaram da saga de Rolândia, embora elas já não sangrem. Nixdorf é figura polêmica entre algumas famílias. Uma ampla reconstituição histórica ainda está por ser feita.
Edmundo M. Oliveira, de Munique e Rolândia

sábado, 11 de dezembro de 2010

ROLÂNDIA - DÉCADA DE 30

Rolândia



O primeiro lote urbano vendido pelos ingleses em Rolândia foi adquirido pelo alemão Elmar Kirschnich, em 1934. Em 1932, lotes rurais já haviam sido vendidos à imigrantes japoneses. Rolândia é o maior centro de imigração alemã do Norte do Paraná, porém a maioria dos colonizadores que aqui vieram na década de 30 eram brasileiros e depois italianos.. Outros focos foram Nova Dantzig, Neu Danzig e Heimtal.

Emancipada de Londrina em 1943, com o nome de Caviúna. Voltou a se chamar Rolândia em 1947, após o fim da Segunda Guerra Mundial.

domingo, 5 de dezembro de 2010

EX-PREFEITO PRIMO LEPRE DE ROLÂNDIA - PR.

PRIMO LEPRE


Convivi com Primo Lepre de 1982 a 1988 quando fomos colegas vereadores. Pertencíamos a grupos rivais. Eu do grupo de Perazolo e ele do grupo de Eurides Moura. O melhor amigo dele nesta época era o vereador Nelson Armacollo. Estavam sempre juntos. Primo era inteligente e demonstrava amar muito Rolândia. Foi um bom vereador e meu saudoso pai falava que ele foi também um bom prefeito. Tive só uma discussão com ele em nosso tempo de Câmara, mas logo reatamos a amizade que perdurou até o fim. Primo faleceu com noventa e poucos anos, e poucos dias antes do falecimento ainda fazia longas caminhadas e frequentava bailes na vizinha cidade de Londrina, todo sábado. Gostava de conversar e dar boas risadas. Na época em que convivi com ele lembro-me que os vereadores (eu também) zuávamos (brincávamos) muito com ele e ele sempre levava na "esportiva".
JOSÉ CARLOS FARINA

EX-PREFEITO AMADEU PUCCINI DE ROLÂNDIA - PR.

AMADEU PUCCINI




Há muito tempo entrevistei o saudoso Amadeu Puccine. Entre outras historias ele contou uma sobre um capitão de polícia que obrigava todo mundo a se filiar e trabalhar para o PRB. Ele era filiado ao PTB e não aceitava imposição de ninguém. Uma vez o pessoal do PRB fez um churrasco lá pelos lados de Sao Rafael e o convidou. Ele aceitou. O levaram de camionete. Estavam ele e outros convidados em cima da carroceria. Chegando ao local Amadeu viu o tal capitão agredindo pessoal (torturando) para que assinassem a ficha daquele partido. Ai, o nosso político botinudo (como era conhecido) fugiu e veio a pé embora, sem provar do churrasco do PRB. Tinha (e tenho) admiração por Amadeu Puccine. Grande alma. Grande cidadão. Grande político. Político honesto. Serviu e serve de exemplo até hoje.  JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.