Da
época da fundação de Rolândia até o final dos anos 70 não havia
supermercados, mas apenas vendas ou empórios. Estas vendas (secos e
molhados) eram pequenos supermercados que vendiam arroz, feijão,
batata, tomates, cebola, alho, sardinha salgada, etc. por quilo. Tinha
armários cheios destes alimentos. O dono da venda pegava uma espécie de
concha de lata e enchia sacos de papel de acordo com a quantidade. O
óleo era as vezes vendido por litro ( o cliente trazia o litro de
casa). A pessoa levava um litro que era enchido na hora. Tinha também o
óleo envasado em latas quadradas de um litro. Mercadorias do tipo
iogurte, sorvete, patê, presunto, mussarela, frutas frescas era difícil
de encontrar. Por ex. maçã, você só encontrava em quitandas
especializadas, pois as mesmas eram importadas da argentina e custavam
uma fortuna. A maioria das famílias só compravam maçã pra dar para
pessoas
doentes. Verduras e legumes eram comprados nas feiras livres, mas a
maioria das famílias cultivavam hortas caseiras. Minha mãe sempre teve a
sua (até hoje né dona Sebastiana ?) Sempre tivemos fartura de verduras.
Muitas vezes eu e meus irmãos saíamos vendendo na vizinhança levando-as
em cestos. Com o dinheiro das vendas comprávamos sorvetes e outras
guloseimas. Estas vendas ou empórios vendiam também sardinha ou
manjubinhas salgadas, bombinhas de são João, paçoquinha, bolinhas de
vidro, querosene em latas de 5 litros, biblioquês, peões, pinicos, etc.
Bolachas ou biscoitos só tinha de
um tipo (biscoito Maria). Macarrão era difícil encontrar mais que uma
marca. Naquele tempo o comerciante embrulhava as mercadorias com jornal e
depois amarrava o pacote em forma de cruz com barbante grosso. Eles
faziam com agilidade. Eu gostava de ver... depois treinava em casa...
quem sabe um dia poderia ser também um comerciante... Algumas vendas
ficaram famosas porque vendiam também picolés de
groselha. A molecada fazia a festa. 99% dos clientes levavam
cadernetas e marcavam as compras "fiado", ou seja para pagar no final do
mês. As vendas que eu me lembro era a do Português Aniceto, o verdão
que depois
virou mini-mercado, a Casa Primavera e o Braziluza. Minha mãe mandava
eu comprar numa
venda que ficava na esquina da prefeitura, onde hoje é o escritório do
meu irmão Paulo. Lembro-me que com o passar do tempo estas vendas começaram a vender produtos que era novidade na época. Ex. Garrafas térmicas, Q-suco, tubaína e botinas daquelas que tem um lacinho atrás. Coca-Cola e guaraná a maioria das famílias só
consumiam em dias especiais como Natal, Ano Novo e Páscoa. A molecada
tinha uma mania de furar a tampa do guaraná com prego... Em ocasiões
de festas o refrigerante servido era sempre o guaraná da Antártica.
Algumas vezes tomávamos também Crush e Grapete. Havia muita fartura de
produtos colhidos aqui na região, ex. laranja, verdura, legumes, arroz,
feijão. Hoje, graças a Deus quase todas as famílias podem consumir
toda semana Coca-Cola, guaraná, sorvetes, frutas diversas, queijos,
carne, etc. O único problema sério hoje (e põe sério) é o aumento dos
assaltos e assassinatos. JOSÉ CARLOS FARINA
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