quarta-feira, 27 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
MINHA INFÂNCIA NA ROÇA EM ROLÂNDIA NORTE DO PARANÁ ANOS 60


Passava quase todas as minhas férias escolares no sítio dos meus tios e avós. Acordávamos de madrugada quando os pássaros começavam a alvorada nas árvores do pomar e na mata próxima do riacho. É claro que o galo também já estava cantando nesta hora (já estava até rouco). Tomávamos um café reforçado com pão, café e leite. A manteiga era feita no próprio sítio (minha avó batia a nata do leite). Quando não tinha manteiga usávamos gordura de porco, queijo branco ou torresmo para comer junto com o pão. Meu tio ia para o curral ordenhar as vacas. Eu e meus primos corríamos para lá com canecas na mão para tomar o leite com espuma e açúcar que o meu tio esguichava diretamente dos tetos da vaca.
BRINCANDO EM MEIO À NATUREZA
Depois deste leite delicioso íamos para o rio pegar seixos (pedras aredondadas) para a nossa costumeira caçada de estilingue. As pedras colocávamos em um embornal atravessado no ombro. As vezes ficávamos uma manhã inteira atrás dos pássaros mas não conseguíamos abater nenhum ( eles eram muito ariscos ). Quando não era com estilingue pegávamos pombas juritis com arapucas feitas de taquara e arame. Após "tratar" (dar comida ) aos porcos e vacas muitas vezes selávamos os cavalos e saíamos a cavalgar pelas estradas da região que eram muito bonitas. Não havia perigo... todas as pessoas eram boas e conhecidas. Passávamos por elas e dizíamos "dia" ( era o jeito caipira de falar bom dia). Lembro-me até hoje das paisagens... dos rios... estradas.. o cheiro da terra... o perfume da florada do café... o barulho das águas do riacho... O ar próximo ao rio era muto gostoso e tinha um cheiro especial... O almoço era servido as 10 horas. Primeiro tínhamos que levar as marmitas para os adultos que estavam na lida da terra... carpindo ou colhendo café. As marmitas era envoltas em guardanapos de panos com nós nas pontas. Nas marmitas além do arroz com feijão sempre vinha um ovo frito, um pedaço de carne de porco ou de frango.. um pedaço de torresmo... mandioca frita... As variações eram feitas com legumes da época e saladas. A sobremesa estava ali do lado no pé de laranja ou de tangerina. Era só pegar. As vezes a minha avó colhia na hora um pepino ou uma pimenta para complementar a alimentação. A tarde depois de alimentarmos novamente a galinhas, porcos,vacas e cavalos íamos para o rio nadar ou pescar.
NADANDO NO RIACHO
Para nadar tínhamos que represar o riacho que era muito raso. Juntávamos pedra e galhos e fazíamos o rejunte com argila. Quando a água chegava na altura dos joelhos para nós já era uma alegria. Já podíamos nadar estilo "cachorrinho". Minha avó ficava na margem olhando e cuidando para ninguém se afogasse (como se fosse possível naquela água rasa). Meu tio Mané uma vez nos ensinou que engolindo um filhote de lambari vivo a pessoa aprende a nadar. Toda a molecada da família engoliu um lambarizinho vivo. Coitadinhos... (dos lambaris). O efeito psicológico foi bom pois todos nós aprendemos a nadar para "o gasto". As vezes levávamos peneiras para pescar. Sempre pegávamos lambaris, cascudos e camarões. Mas o que vinha mesmo eram girinos ( filhotes de sapo). Argh!.. não gosto deste bicho....
FAZENDA DE MENTIRINHA
Outro brinquedo na roça consistia em montar sítios de mentirinha usando chuchus, abobrinhas e laranjas para fazer de conta que eram vacas ou cavalos. Espetávamos gravetos neles imitando as patas e as cabeças. As cercas eram feitas de barbante. As casas, curral e paiol fazíamos com tijolos e pedras. Fazíamos os "caminhos" e "estradas" todas enfeitadas com flores. Aquele que tinha sonho de ser fazendeiro acabava com o chuchuzal da minha vó porque queria o pasto cheio de bois ( haja chuchu). Mas a minha avó era esperta... à tarde quando acabávamos de brindar ela ia lá e pegava os legumes para cozinhar para o jantar ( a gente nem ficava sabendo).
BRINCANDO DE TARZAN
Uma vez, imitando o Tarzan do cinema, fizemos arco e flechas mas nunca dava certo. Queríamos que o arco atirasse bem longe a flecha. começamos a desenvolver técnicas. Cada dia fazíamos arcos com uma madeira diferente. Até que um certo dia meu tio Mané nos ensinou que a madeira boa para isso devia ser o marfim. tá... mas como iriamos saber no meio de uma floresta com milhares de árvores qual seria o tal marfim? Meu tio ensinou como era a cor do tronco e o formato das folhas e lá fomos procurar. Quando voltamos todos felizes com a que supúnhamos ser Marfim ele abanou a cabeça e disse: - Esta é "Farinha Seca". Mas não é que a tal "Farinha seca" era boa para a confecção de arcos!... Nossos arcos agora eram quase iguais ao do Tarzan. As flechas fizemos de taquaras e amarrávamos penas de galinha na parte anterior. Coitadas das galinhas!... até dar certo quase deixamos uma lá totalmente depenada. Agora faltava a lança. Logo achamos uma faca velha que foi pregada na ponta de um cabo de enchada. Graças a Deus que não nunca brigávamos entre nós porque agora estávamos armados de fato igual ao Tarzan. (Só ficou faltando a tanga).
CONSTRUINDO UMA JANGADA
Em outra oportunidade ficamos dias tentando construir uma jangada igual uma que vi também num filme do Tarzan ( ou era do Jim das Selvas? não tenho certeza). Toda madeira que usávamos afundava. Usamos até um tacho da minha vó.. mas que!... afundou... Pegamos a mantimenteira ( em forma de caixote)... também afundou... Até que mais uma vez o tio Mané nos deu uma grande ideia. Entre uma tragada ou outra do cigarro "palheiro" ele nos disse que a Imbaúva é oca por dentro e poderia dar certo... menino!.. ele salvou a pátria... agora sim.. tínhamos a jangada e também mais um herói... o tio Mané... que virou nosso ídolo. Ficamos todos metidos navegando de jangada na represa e pescando lá no meio do lago... armados de arco, flechas e lança (vai que aparece uma onça). Eu ficava com a flecha no jeito para flexar algum peixe grande ou algum jacaré... mas eles nunca apareceram...
LAMPIÃO DE VAGALUMES
Em outras férias no sítio do meu tio, meu irmão Pedro foi junto. Na primeira noite ele ficou com medo dos ratos enormes que costumavam "passear" pelo quarto. Ele pediu ao tio Mané para deixar uma lamparina acesa, mas ele disse que não podia por causa da fumaça que depois de algum tempo prejudica a saúde. Com dó do Pedro o primo Toninho teve uma idéia que salvou a pátria ( O Pedro já estava querendo voltar à pé para Rolândia). Na boca da noite saímos pegando vagalumes e colocando dentro de uma garrafa transparente. Não é que deu certo. Agora o Pedro ( e nós também) tínhamos lâmpadas de graça e sem fumaça. Só que o tio Mané falou para o Pedro para ele de vez quando soltar a rolha para os bichinhos respirarem. Resumo: o Pedro não sentiu mais medo mas também não dormiu.. ficou a noite inteira cuidando dos bichinhos.
PRIMEIRA BEBEDEIRA
Na falta do que fazer em outra oportunidade fomos visitar o alambique de pinga que tinha lá na vizinhança. Como somos bastantes curiosos ficamos ajudando o senhor Constantino (dono do alambique) até que saísse a pinga após o processo de destilagem. Ajudamos a cortar cana.. moer a cana.. fermentar a cana... ferver o caldo... e aí.. tan tan tan tan... enfim saiu ou caiu a famosa pinguinha brasileira diante dos nossos olhos... toda branquinha...cheirosa... (deu até vontade)... Como trabalhamos bastante o senhor Constantino encheu um copo da pinga da mais fraca e deu para nós. A sede era tanta que bebemos como se fosse água. O senhor Constantino teve que se ausentar dali e aproveitamos para beber mais... O resultado é que chegamos em casa os quatros abraçados para não cair... cantando "Saudade do Matão" e rindo sem parar. Minha vó Dolores quando viu a cena começou a chorar... o que que a Tana (minha mãe) vai falar de mim?... vai falar que dei pinga pra vocês!... que eu não cuidei de vocês... Tivemos que prometer que não contaríamos para a minha mãe senão nunca mais poderíamos voltar em férias no sítio.
TRABALHO NA ROÇA
A molecada da nossa família a partir dos 6 ou 7 anos já ajudava os pais nos serviços da roça ou da casa. Além de tratar dos animais tínhamos que ajudar a plantar e colher arroz, feijão e milho. Limpávamos também os troncos dos cafeeiros com as mãos, afastando os grãos de café para que os adultos pudessem rastelar e peneirar o café.
MATANDO UM PORCO
Um dia divertido na roça é quando o meu tio ou o meu avô matavam porcos cevados. Fora a parte triste de ver e ouvir o porco agonizar e gritar durante minutos, gostávamos de ver limpar o couro para tirar os pelos. Esta tarefa era feita com folhas secas de bananeiras em chamas ou com água fervendo. Após passavam uma faca super afiada como se estivessem fazendo a barba. Após estar limpo o porco era colocado sobre um giral de madeira onde era partido ao meio. As ferramentas eram facões, martelo e machadinha. Já em duas partes começavam a retirar as vísceras e os órgãos internos. A molecada pegava a "bexiga" para brincar fazendo-a de balão. Já cortado todo em pedaços pequenos o porco era todinho frito num grande tacho usando a própria banha. Depois de frito toda a carne era armazenada em latas de 20 litros encobertas pela banha quente. Depois de algum tempo a gordura esfriava e endurecia, conservando esta carne por muito tempo, mesmo sem geladeira. Neste mesmo dia além de fritar a carne fazíamos linguiça e chouriço. Era costume sagrado mandar um pedaço de carne para todos os vizinhos que pudessem ouvir os gritos do porco em agonia de morte. É que acreditava-se que a molecada após ouvir os gritos do porco morrendo ficava com lombriga.
COLHEITA EM MUTIRÃO
Quando o meu pai, tio e avós iam colher arroz costumavam fazer mutirão. Vinha todos os meus tios, primos e alguns vizinhos ajudar. Uns iam cortando com o "ferro curvado"... outros amarrando em forma de feixes e trazendo na bancada de madeiras para outros "baterem". Conforme os grãos iam se desprendendo e caindo sobre o encerrado outros iam ensacando... outros iam trazendo para a carroça que por sua vez trazia até a tulha. Na colheita do feijão tínhamos que arrancar os pés de feijão secos e amontoá-los perto do carreador onde passava um adulto com carroça para recolher. Já na terreirão alguém batia este feijão com um "reio de madeira" para que as vagens abrissem e soltassem os grãos. Para colher o milho primeiro tem que "quebrá-lo" ou seja entortar o tronco pelo meio para que o milho acabe de secar e para que não pegue umidade. Após algumas horas deste trabalho pesado nossos pais e avós nos liberavam para deliciosos banhos no rio ou na cachoeira.
TIRANDO OS BICHOS DE PÉ
Lembro que quase todo dia pegava "bicho de pé" em algum dos dedos dos pés. E após coçar por dias ( coceira forte ) o bicho ficava gordo e formava uma bolinha amarela. Aí a minha tia, mãe ou avó tirava-os com o uso de uma agulha e queimava-os na lamparina. Era um alívio ficar sem aquele incomodo. (ficava feliz de vê-los fritar na lamparina).
MEU AVÔ
Gostava de ver o meu avô dando milho para as galinhas a tardezinha (ele tinha mais de 200). Elas vinham todas e ficavam em volta dele. Ele ia debulhando a espiga com a mãos e jogando no chão e gritando: - pipipipipi... Meu avô era muito trabalhador e quando chovia pedia para nós ajudá-lo a roçar o pasto... fazer vassouras e passar óleo de mamona nos arreios. Ele aproveitava também para engraxar as rodas da carroça e afiar as ferramentas com lima. Outra tarefa era replantar café onde houvesse falhas. Lembro-me até hoje dele com um cigarrinho de palha no canto da boca... seu chapéu preto... sua botina com tiras nas pontas... trabalhando a vida inteira até poucos anos de morrer ( com 90 anos). Ele tratava os seus animais com muito amor e obtinha deles também muito carinho. toda a vez que saia com o cavalo na volta tratava dele com milho e o escovava por inteiro. (quando eu e meu primo saíamos à cavalo tínhamos que fazer o mesmo).
HISTÓRIAS DE ASSOMBRAÇÃO
Meu avô e meu tio sempre recebiam visitas à noite para um bate-papo na cozinha. O fogão caipira estava sempre aceso e eu e meu primo o Toninho empoleirados nele para nos aquecermos. Minha tia coava um café cujos grãos foram colhidos na própria roça e torrados em casa. Tenho o cheiro deste café na minha mente até hoje... Eu e o meu primo comíamos pipoca e ficávamos atentos a toda conversa. Os causos falavam de uma luz que aparecia na entrada de uma determinada fazenda no estado de São Paulo e seguia as pessoas até que elas chegassem em casa ( o meu tio foi um deles). Outro causo era de uma alma penada que gemia em baixo de uma ponte... Segundo a lenda só desapareceu quando mandaram rezar uma missa. Tinha também um que mencionava uma assombração que só descansou quando conseguiu contar para alguém onde tinha enterrado uma fortuna em moedas e ouro. Depois de ouvir todos estes causos íamos dormir, mas agora com medo... cobríamos bem os pés pois acreditávamos que alguma assombração pudesse nos puxar para debaixo da cama. Quando reuníamos os primos nas festas de final de ano contávamos estes causos e todos prestavam bastante atenção. E na hora de dormir sempre tinha um que pedia para acender uma lamparina por causa do medo. E ainda mais com o meu primo Toninho gemendo debaixa da coberta e dizendo: - "eu sou uma alma penada e vim te buscar... eu tô na porta do quarto.. eu tô do lado da sua cama... ahhahahahah te peguei!.....
MINHA AVÓ
Lembro de minha vó sentada em sua máquina de costura em frente a uma janela que dava para o jardim. Tinha um pé de camélia e lembro-me de tudo.. até do perfume das flores... Ela sempre nos pedia com carinho que a ajudasse carpir o pomar. Em troca ela fazia para nós cural de milho, pipoca ou bolinhos para o café da tarde... hum que delícia. Lembro-me da minha avó assando pães e frangos no seu forno caipira de tijolos e barro. Ela pedia para nós para colhermos o mato gachuma para fazer a vassoura que ela usava para varrer as brasas do forno.
FESTAS DE FINAL DE ANO
As festas do final do ano eram uma delícia no sítio do meu avô. Juntávamos vários primos. Depois do almoço que não podia faltar leitoa, frango assado, pernil e guaraná antartica nós brincávamos o dia inteiro. É claro que sempre ocorria uma ou outra briga. Sentíamos prazer de brincar perto dos pais e tios e todos riam muito. O meu tio Manoel ficava contando causos e a molecada prestava atenção. A noite dormíamos todos num mesmo quarto e ficávamos contando de novo aqueles causos, principalmente os de assombração. Os mais medrozos pediam para ascender uma lamparina pois ficavam com medo. A casa do sítio não era forrada e ficávamos olhando a claridade nas telhas cada vez que o meu tio ou avô davam tragadas em seus cigarros de palha. A parte ruim do sítio era tomar banho de bacia com sabão feito em casa e ouvir os enormes ratos à noite inteira andando perto da sua cama.
CAÇADAS COM O TIO MANÉ
As domingos saímos com meu tio Manoel ou para caçar passarinhos com alçapão ou para caçar bichos maiores. Na caça de bichos meu tio contava com o auxilio de cachorros americanos que uivavam o tempo todo. Muitas vezes andávamos um dia inteiro atrás destes cachorros que não paravam de uivar. A gente acreditava que tinham farejado algum bicho... mas era só "frescura" deles... não tinha bicho nenhum... aí o meu tio falava assim: - seus putos!... vocês são uns bostas.. da próxima vez vou largar vocês em casa... ele falava sério.. eu e meu primo, o Toninho, ríamos bastante. O duro é que os cachorros entendiam e abaixavam a cabeça após a bronca.
FESTAS JUNINAS
Nas festas juninas a molecada se divertia bastante pulando a fogueira e soltando buscapé e bombinhas. Comíamos pipoca, bolo de fubá e tomávamos leite com chocolate ou chá. A meia noite na passagem de "São João" muitos andavam descalços no tapete de brasa e não se queimavam. Eu fui um deles. Verdade... Havia também as novenas e terços. Enquanto os adultos rezavam a molecada brincava de esconde-esconde, salva e balança caixão. Depois sempre era servido uns pedaços de bolo com chocolate ou chá. Os adultos tomavam uma bebida conhecida como anizeti (essência de aniz, água e pinga).
BAILES DA ROÇA
Aos sábados sempre tinha baile de sanfona nas imediações. Todo mundo se encontrava nestes bailes. Os rapazes e adultos tomavam "rabo de galo" ou "batida de amendoim". A música era sempre a mesma e o estilo de dança idem... Depois de um certo tempo de dança ninguém aguentava a poeira que erguia em baixo da barraca de lona. Chegávamos em casa assoprando tijolos pelas narinas. Era muito bom as caminhadas pelas estradas em noites de lua cheia.Vínhamos em grupos de jovens conversado... fumando e contando as proezas que fizemos durante a semana que findava. Uns tropicando pelo excesso de batida de "amendoim"... Outros vomitando de tão bêbados que estavam.
COMPRAS NA CIDADE
O gostoso mesmo era acompanhar o meu tio ou avô nas compras na cidade. Vínhamos de charrete. Parávamos na venda e esta era a hora de tirarmos a "barriga da miséria"... comíamos paçoquinha com guaraná e chupávamos sorvetes de groselha com direito a repetir... era bom demais. Era tão gostoso passear de charrete. Lembro-me de tudo. Até o cheiro do cavalo suado de tanto andar (formava espuma em baixo do arreio). O meu tio meio alegre depois de tomar umas branquinhas... o povo do patrimônio... outras carroças no caminho... as meninas bonitas nas janelas escondendo a boca com a mãos com vergonha sei lá do que... (nós idem)...
DUELO AO POR DO SOL
Um dia eu e o me primo Toninho ficamos sozinhos no sítio do meu avô e como toda criança fomos bisbilhotar as relíquias do meu tio Mané. Em cima do guarda-roupa ele guardava uma espingarda chumbeira de caça e uma garrucha. Ai todos "metidos" fomos brincar de Cowboy. Meu primo colocou a espingarda atravessada no ombro e a garrucha na cinta, enfiada por debaixo da calça. Aí ele olhou para mim com cara de mau e disse: - Zé Carlos.. saque a sua arma.. desafio você para um duelo! Eu sabendo que o Toninho era maluco, já fui abaixando o corpo, colocando as mãos na cabeça e gritando: - Cuidado maluco esta garrucha está carregada!... Mas ele continuava com aquela cara de mau e com um pequeno sorriso nos lábios.. até que disparou... a bala passou a mais ou menos um metro da minha cabeça e foi se alojar na parede. Após ele pedir mil vezes perdão e agradecer a Deus o livramento fez um último pedido: - Se você não contar para o meu pai amanhã eu levo você para andar à cavalo e deixo você usar a cela nova. Fechamos o acordo e até hoje ninguém sabia desta "desventura".
UM DIA DE BARBEIRO
Um outro dia que ficamos sozinhos em casa recebemos a visita do nosso amigo Carlinhos. Ele era um menino moreno, filho do porcenteiro do meu avô. Nós que já tínhamos brincado de tudo, naquele dia resolvemos brincar de cortar cabelo, desde que não fosse o nosso... O meu primo com aquela cara de malandro perguntou ao Carlinhos: - Você está com o cabelo comprido, não quer que eu corte? O Carlinhos fez um bico, olhou torto e respondeu: - E você por um acaso sabe cortar cabelo? Toninho não se fez de rogado e retrucou: - claro".. sou eu que corto o cabelo do meu avô.... Carlinhos asseverou: - mas o seu avô é careca... Toninho sempre querendo ter a última palavra: - mas você pensa que é fácil deixá-lo careca... é o que dá mais trabalho. Toninho para captar o seu primeiro cliente foi lá no banheiro e trouxe o aparelho de gilete e a esponja da espuma e argumentou: - Olha se você deixar nós cortarmos o seu cabelo ( eu também estava envolvido) nós vamos apará-lo com gilete. A molecada da época gostava desta parte.. a parte em que o barbeiro fazia as "costeletas" e a nuca com gilete ou navalha... e assim Carlinhos concordou... Aí começamos o serviço... (a duas mãos)... Colocamos uma toalha nos ombros do menino.. cada um queria cortar um pouco... Carlinhos desconfiado pedia de minuto em minuto um espelho para ver como estava ficando... O Toninho respondia... fique calmo... está ficando lindo.. só vamos mostrar no final... A parte do corte até que ficou bom... nós tínhamos noção, mas na hora da gilete... hummm .. que c...... raspamos a "costeleta" para dentro... tentamos arrumar.. ficou pior... começou a dar uma dor de barriga em nós... mas cada vez que mexíamos ficava pior. Carlinhos percebeu a fria em que se meteu e correu lá dentro da casa para olhar no espelho... quando viu saiu chorando... O meu primo para consolá-lo falou que aquele era um corte moderno que estavam usando lá na cidade... Mas o Carlinhos cada vez que olhava no espelho chorava mais alto... De noite o pai do Carlinhos trouxe o menino para o meu tio ver a c.... que tínhamos feito. O resultado é que o meu primo apanhou de cinta na presença do Carlinhos que se sentiu vingado. Eu, como era apenas sobrinho levei apenas uma bronca. Depois de muito tempo o meu tio Mané sempre lembrava do que fizemos com o Carlinhos e ria muito.. ele falava: - Vocês deixaram o menino mais feio do que ele era.. o coitadinho ficou sem sair de casa por um mês....
NORTE DO PARANÁ
O norte do paraná sempre foi um ótimo lugar para se viver e trabalhar. Talvez seja exagero mas sempre digo que aqui é o melhor lugar do mundo para se viver. Sou suspeito pois nasci aqui e sei que aqui vou morrer um dia (não tenho pressa). Um abraço a todos que leram esta crônica até o fim. Deus abençoe a todos. JOSÉ CARLOS FARINA
LEGENDA DA FOTOS: Na 1ª foto o autor da crônica com 12 anos; 2ª meus avós e o Tio Mané ( que foi bastante citado na matéria). 3ª Eu, tio mané,Toninho ( em cima do cavalo) e primos.
Postado por José Carlos Farina
sábado, 23 de novembro de 2013
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
VÍDEO CASAS DE MADEIRA DO NORTE DO PARANÁ By FARINA
Marlene Grotti Que saudades das casas de madeira com suas varandas calçadas de "vermelhão" com suas cadeiras de preguiça para as tardes de verão!!!! Saudades da minha infância nessa cidade tão bela, onde nós podíamos brincar até tarde nas ruas em frente as nossas casa enquanto todas as vizinhas se reuniam para conversar e se refrescar do calor.- Silvana Vitor De Castilho Valente Que viagem maravilhosa acabei de fazer revendo a nossa linda Rolândia e suas casas de madeiras,em especial me deixou bem nostálgica as casinhas do saudoso Sr Leonardo Ferelle ,meu sempre mentor espiritual ,quanta saudades,parabéns pelo vídeo José Carlos Farina, continue nos mostrando mais a nossa Rolândia, abracos....
COMENTÁRIO: MINHA MÃE MORA ATÉ HOJE NA CASA DE MADEIRA DE PEROBA ONDE NASCI EM 1956. POR TODO OS LUGARES QUE EU OLHO NAQUELA CASA TEM UMA LEMBRANÇA DA MINHA INFÂNCIA E JUVENTUDE. LEMBRO DO MEU SAUDOSO PAI TODO FELIZ COMA SUA PRIMEIRA TV PRETO E BRANCO... FICAMOS NA SALA ASSISTINDO ENCANTADOS O FILME DO BONANZA... FALTOU ESPAÇO PARA TANTA GENTE... ( VIERAM OS PRIMOS DO SÍTIO E AMIGOS DA RUA INTEIRA)...NO MEIO DA COZINHA TINHA UM POÇO COBERTO COM LAJE DE CONCRETO. EM BAIXO DESTA LAJE TINHA UM BOMBA D´ÁGUA QUE JOGAVA A ÁGUA PARA A CAIXA D´ÁGUA. NO FOGÃO À LENHA TINHA UMA SERPENTINA DE COBRE QUE ESQUENTAVA ÁGUA E MANDAVA PARA UM RESERVATÓRIO E DESTE PARA UMA BANHEIRA,. NAS NOITES DE VERÃO MEUS PAIS COLOCAVAM CADEIRAS NA CALÇADA PARA "PROZEAR" COM OS VIZINHOS. ENQUANTO ISSO A MOLECADA "TRAVAVA" UM FUTEBOL OU UM "ESCONDE ESCONDE". NA ÉPOCA DO NATAL MINHA MÃE PREPARAVA UMA ÁRVORE DE NATAL. MEU PAI BUSCAVA O PINHEIRINHO NA FAZENDA SANTA ERNESTINA. COMO O DINHEIRO ERA CURTO, ERAM POUCAS BOLAS. PARA QUE A ÁRVORE NÃO FICASSE FAZIA MINHA MÃE COMPLETAVA COM BOLAS DE ALGODÃO, IMITANDO A NEVE. MINHA MÃE NOS ENSINOU A COLOCAR PORÇÕES DE CAPIM PARA QUE SERVISSE DE ALIMENTO PARA AS RENAS DO PAPAI NOEL. ELA DE MANHÃ VINHA COLOCAR OS PRESENTES DEBAIXO DA ÁRVORE E RETIRAVA O CAPIM. POR ISSO DURANTE ALGUM TEMPO NÓS ACREDITÁVAMOS NESTA ESTÓRIA. EM UM DIA DE DE NATAL, MEU AVÔ PASSOU EM CASA DE MANHÃ PARA VER A MINHA MÃE. ELE ESTAVA DE CARROÇA. O CAVALO ACABOU FAZENDO COCÔ NO QUINTAL. AO SAIRMOS NO QUINTAL E VENDO O MONTE DE ESTRUME JÁ FOMOS FALAR PARA A MÃE QUE A RENA FEZ COCÔ NO QUINTAL. NA DESPENSA ESTÁ LÁ ATÉ HOJE UM BURACO QUE EU E MEUS IRMÃOS FIZEMOS COM "ARCO DE PUA"... NA PAREDE DO QUARTO DA FRENTE AS MARCAS DE UM COMEÇO DE INCÊNDIO ( ADVINHA QUE ATEOU FOGO?)... NA PAREDE DA GARAGEM UM CORAÇÃO ESCRITO "NEUZI x JOSÉ CARLOS"... NA SALA UM FOTO GRANDE PREGADA COM PREGO ONDE REVEJO MEU SAUDOSO PAI... MINHA MÃE E NÓS TODOS PEQUENOS.... NO QUARTO DO MEIO A MINHA CAMA... ONDE ANTES DE DORMIR LIA O GIBI DO TARZAN... NO QUARTO DOS FUNDOS A LEMBRANÇA VIVA DO DIA EM QUE O MEU AVÔ FALECEU... DIA A DIA ESTAMOS PERDENDO ESTE LAÇO COM OS PIONEIROS... LOGO LOGO SERÃO APENAS AS CASAS MODERNAS DE TIJOLOS... OS ARRANHA-CÉUS.... AÍ A ÚNICA LEMBRANÇA SERÁ ESTE FILME E ESTA SIMPLES CRÔNICA QUE ESCREVO COM OS OLHOS CHEIOS D´ÁGUA... JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA-PR.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
PREFEITURA DE ROLÂNDIA NEGA A SUA HISTÓRIA
Vejam só a incoerência. No site da prefeitura foi escrito que o Hotel Rolândia é o marco zero da história e o aniversario da cidade é comemorado no dia de sua construção. mas se não fosse eu ajuizar uma ação popular tínhamos perdido até as madeiras. veja o link ( CLIQUE). TEXTO E FOTO DE JOSÉ CARLOS FARINA
domingo, 17 de novembro de 2013
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
SERIADOS DA TV NOS ANOS 60 - NORTE PARANÁ
OS ANOS 60 FORAM ENCANTADOS... ATÉ PARA A TV... TUDO ERA MELHOR NA ÉPOCA... VEJAM QUANTOS SERIADOS BONS NÓS TÍNHAMOS. E OLHA QUE ERA PRETO E BRANCO. COM CHUVISCO E TUDO. JOSE CARLOS FARINA
BONANZA
PERDIDOS NO ESPAÇO
JORNADA NAS ESTRELAS
NATIONAL KID
RIN TIN TIN
O TEXANO
OS INTOCAVEIS
BAT MASTERSON

ZORRO ( THE LONE RANGER )
ZORRO DE CAPA E ESPADA
BIG BALLEY
VIAGEM AO FUNDO DO MAR
O TUNEL DO TEMPO
DANIEL BOONE

TARZAN
BATMAN
JAMES WEST
NOVELA GABRIELA PAROU O BRASIL
O BEM AMADO ( NÃO PERDI UM CAPITULO )
IRMÃO CORAGEM ( PAROU TBM O BRASIL )
PECADO CAPITAL ( 100% DE IBOPE )
CARNE DE PORCO CONSERVADA NA BANHA DE PORCO - ANOS 30 a 70
Nos anos 30 até 70 era costume da roça matar um porco "cevado" ou "gordo".. fritar no tacho e depois guardar os pedaços de carne no meio da banha ( gordura ) dentro de latas como esta da foto. Durante semanas a fio a dona de casa tirava dali as mistura do almoço. Era só esquentar e servir. JOSÉ CARLOS FARINA
terça-feira, 12 de novembro de 2013
domingo, 10 de novembro de 2013
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
MONJOLO - PARA TIRAR CASCA DE ARROZ... CAFÉ.. E FAZER FUBÁ
DE UM LADO ÁGUA CORRENTE.. NO OUTRO LADO UM PILÃO ONDE SE PÕE O ARROZ.. OU CAFÉ OU MILHO... QUANDO O COCHO DA ESQUERDA ENCHE DE ÁGUA O MONJOLO DESCE.... AO DESCER ELE DERRAMA A ÁGUA E SOBE E ASSIM SUCESSIVAMENTE.. NA PONTA DA DIREITA TEM UM SOQUETE DE MADEIRA DE LEI QUE AO BATER SEPARA O GRÃO DA PALHA OU QUEBRA O MILHO ATÉ VIRAR QUIRELA OU FUBÁ. JOSÉ CARLOS FARINA
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
COLEÇÕES ( COLEÇÃO ) DE GIBIS - ANOS 50 a 90
Nos anos 60 e 70 uma grande parte da molecada e adolescentes faziam coleção de gibis. Na época os mais famosos e desejados eram os gibis da Ebal. Os mais famosos eram os "reis do faroeste" , "Zorro", "Tarzan", "Fantasma", "Tio patinhas", "Pato Donald", etc. Eu fazia coleção de Tarzan, Zorro, Cavaleiro Negro, Fantasma e Cheyenne, coleções que guardei até hoje. Os colecionadores de gibis tinham o costume e hábito de trocarem os repetidos ou aqueles que haviam lido na frente do Cine Rolândia (onde hoje é a Romeira) nos matinês de domingos, às 14 horas. O interessado ia folhando rapidamente e dizendo: - já tenho...não tenho....já tenho...O outro colecionador idem. Depois de separados aqueles que havia interesse começava a negociação. Os mais antigos valiam o dobro. Quer dizer era necessário dois gibis novos por um antigo. Quando eu conseguia algum para a minha coleção ficava muito contente. Vinha feliz para casa. Havia um costume também da molecada de jogar "Bingo" com gibis. Para cada rodada era "casado" um gibi por jogador. A única regra era de que o gibi estivesse perfeito, com a capa intacta, sem rasgos. Lá em casa nos reunimos debaixo do meu pé da "Santa Bárbara" onde eu tinha uma casa da árvore do Tarzan. Lembro-me de alguns colecionadores: Maruishi, Formigão, Salgueiro, Ivo pintor, Toninho Lovato, Jair Qualio, Mauro Rodrigues, Paulo Ademir Farina, Nelsom Sanches Galera, Panhan, Aylton Rodrigues, "Mimo", Paulo Vieira, Estevo Hijo, "perereca", "cara manchada" e João Farina. Relato de JOSÉ CARLOS FARINA - ROLÂNDIA - PR.- Fotos das minhas coleções - By JOSÉ CARLOS FARINA
terça-feira, 5 de novembro de 2013
GASTRONOMIA E COSTUMES NO NORTE DO PARANÁ ANOS 60 e 70

O RÁDIO NO NORTE DO PARANÁ ( DÉCADAS DE 40 a 70 ) by FARINA
Antigamente, nas décadas de 40 a 70, na zona rural, eram poucas as famílias que possuiam rádios como este. Lembro-me que no sítio do meu avô toda noite vinham alguns amigos dele ouvir as notícias da "Voz do Brasil"... Aí "rolava" um cafezinho... um cigarrinho de palha e muita prosa. Na minhas férias eu também estava por ali... bons tempos. JOSÉ CARLOS FARINA
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
PLANTADEIRA MANUAL "MATRACA" - NORTE DO PARANÁ
Já plantei arroz, milho e feijão com este tipo de plantadeira... o trabalhador bate com ela ligeiramente na terra para cavar um pequeno buraco... quando desce ela tem que estar fechada em baixo.. depois que ela afundou uns 3 cm. no solo o trabalhador abre a máquina para que os grãos caiam no buraco... na sequencia fecha-se a máquina e vai para outra "cova". Enquanto anda vai fechando os buracos com os pés para garantir a germinação. Para o arroz meu avô regulava cerca de 10 grãos.. milho 5 ou 6.. e feijão 4 ou 5.. Eu gostava de ver e ajudar o meu avô e tios plantar e colher cereais...JOSÉ CARLOS FARINA
domingo, 3 de novembro de 2013
MINHA INFÂNCIA NO SÍTIO NORTE DE PARANÁ ANOS 60
PASSAVA AS MINHAS FÉRIAS NO SÍTIO DOS MEUS AVÓS. ERA BEM ASSIM.. DESTE JEITO. TENHO MUITA SAUDADE.. FUI MUITO FELIZ NESTE TEMPO... APROVEITEI CADA MINUTO.. SABIA QUE ERA ( E FUI MUITO FELIZ ) POR ISTO.... AMO VOCÊS MEUS AVÓS E TIOS ETERNAMENTE.... MEUS PAIS TAMBÉM É CLARO POR ME DEIXAREM IR TODO ANO PARA LÁ.. PARA O MEU PARAISO ENCANTADO.. JOSÉ CARLOS FARINA
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