sexta-feira, 29 de agosto de 2014

FOTOS ANTIGAS DE ROLÂNDIA - DE 1932 ATÉ 2000 - HISTÓRIA - MUSEU

FOTOS PUBLICADAS NO  JORNAL NOTÍCIAS DA CIDADE - PESQUISA  By   JOSÉ CARLOS FARINA


























































































































































































NAC NACIONAL 1962















































PERAZOLO E VEREADORES - 1997



















SEU PEDRO DA FUNERÁRIA
























































NACIONAL DA DÉCADA DE 50












































sábado, 23 de agosto de 2014

COLHEIRA DO MILHO NO NORTE DO PARANÁ


ja fiz muito isso na roça e tenho saudade por que sei que se voltasse atrás eu iria aproveitar mais com as pessoas que amei e amo,,,,e que partiram....
Quem ja fez esse trabalho ?
Eu me lembro muito da época que eu fazia esse trabalho.
Esta foto é para quem brincava na Palha!!
Para quem ajudava os Pais em casa.
Compartilhe é uma lembrança eterna !

domingo, 17 de agosto de 2014

ROLÂNDIA - DENUNCIA - HISTÓRIA E MUSEU SÃO PREJUDICADOS POR DEMOLIÇÃO DO ANTIGO POSTO

FONTE: JORNAL MANCHETE DO POVO - Ed. 22/08/14 - PÁG. 5

O presidente do Sindicato Rural. João Marques da Silva, disse o seguinte quando perguntado
 sobre a derrubada da antiga sede com documentos dentro que funcionava no prédio dos 
Vicentinos ( antigo Posto de Saúde Central) : "Usam da autoridade e derrubam tudo sem 
comunicar a gente,mas é como  disse uma senhora alemã, aqui o prefeito manda fazer, 
e faz contrariando Deus e todo  mundo", afirma
Karina Zanin disse está fazendo um levantamento do prejuizo e depois enviará um ofício à
 prefeitura pedindo explicações.
A coordenadora interina do Museu Municipal confirma que estava no prédio parte do acervo
porém garante que com a demolição não houve perdas consideráveis, pois o que
 estava lá eram peças que já haviam sido danificadas no alagamento que ocorreu no antigo 
prédio do museu.
COMENTÁRIO: A pouco tempo fui processado porque fiz comentário sobre a iniciativa do pessoal 
do Museu que pretendia fazer um descarte de parte do acervo... e agora fico sabendo que outra
 parte já havia sido danificada por um alagamento... fico sabendo que estas peças estavam
 ali guardadas...  prejudicada agora pela demolição... pelo que eu saiba neste local não havia
 guardas à noite... Peço pelo amor de Deus que cuidem do acervo do museu... tenho amor à 
história... tenho feito um trabalho em favor do resgate da história... mas peço que o Poder Público 
faça a sua parte e cuide deste acervo... o certo é guardá-lo lá no próprio museu... como era feito
 nas administrações Perazolo e Eurides Moura. Uma pergunta: Quem foi o autor desta demolição
 que causou prejuízos ao Sindicato e ao Museu Municipal??? Façam sindicância porque vou pedir
 que o MP apure tudo isso.... Agora é que eu descobri o porque de termos tão poucas peças
 históricas e fotos no museu localizado em frente a igreja. No tempo de Perazolo e Eurides 
eram centenas de peças e fotos. Eu fiz dois vídeos da época. Vejam no Youtube. digitem " 
Museu Rolândia Farina". Agora temos visto mais é arte.. telas.. e um quarto de dormir inteiro
 com cama e guarda-roupa. De acordo com o mais famoso museólogo do norte do paraná,
 Ninger Marena, antes de descartar peças de um museu... ou guardar em locais 
inapropriados,  melhor é com autorização da Câmara ( por lei ) fazer um contrato  de comodato
 com a Fazenda Bimini. Se não for para guardar e cuidar como se deve, pode-se também 
ver nas fichas de doações os nomes dos doadores e devolvê-las aos seus antigos donos. A
 advogada Else Rauch fez uma doação de uma peça valiosa e escreveu-me preocupada.. se 
for para deixar em qualquer lugar "quero ela de volta" - disse ela. Poucas pessoas podem
 se interessar pela história de Rolândia, mas eu, José Carlos Farina, me interesso... e 
muito... Conheçam o meu trabalho no site "História de Rolândia". Segundo o museólogo
 NIger Marena, o museu de Rolândia está em falta com uma exigência de lei.. que seja
 formado o Conselho de Curadores do Museu. Com este conselho formado atos como 
este ora denunciado jamais teria acontecido, pois lugar de acerco do museu é dentro do
 museu.. jamais guardados em lugar sem segurança. Fiz a minh parte. Denunciei
o caso para a Promooria. Espero que os culpados sejam punidos rigorosamente...
 exemplarmente. Doa a quem doer. JOSÉ CARLOS FARINA

ROLÂNDIA - FALTA DE RESPEITO COM A HISTÓRIA

17/08124 - PLACA DE INAUGURAÇÃO DO PARQUE ECOLÓGICO DO SÃO FERNANDO, NO GOVERNO DE JOSÉ PERAZOLO FOI ROUBADA. FOTO By JOSÉ CARLOS FARINA

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

PIONEIROS DE ROLÂNDIA - Manoel Martins Portelinha e Clementina Amábile Sannazaro




 Meus avós maternos Clementina Amábile Sannazaro (Falecida  em 1973) e Manoel Martins Portelinha  (falecido em 1968) . Data de chegada em Rolândia: 1940. Origem: Itamogi-Mg . Filhos: Cláudia Francisca Portellinha Schwengber - Judith Guariente Sebastiao Martins Portelinha, Lucilia Martins Portelinha, Idelfonso Martins Portelinha, Antonio M. Portelinha, Fatima M.  Portelinha Dariff , Emilia Arciprete , Maria Chemerrea , Alexandre Martins Portelinha , João Martins Portelinha, Josephina M.  Portelinha,

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ROLÂNDIA 1936 - RELATO DE UM PIONEIRO ALEMÃO

Carta escrita em 1936 na floresta.




Foi encontrada uma longa carta escrita no ano de 1936 por HANS KIRCHHEIM . A carta, redigida em alemão, conta da vida nos tempos pioneiros de Rolândia e foi traduzida pela filha do autor, Ruth Bárbara Steidle, em 2001, ao pé da letra, para o português. O relato, publicado em jornal local e algumas vezes lido em voz alta para os visitantes, emociona, principalmente os mais antigos, pelas lembranças que traz.

Rolândia, 26 de junho de 1936

Pois é, agora estamos em nossa casa que ficou maravilhosa e nos parece paradisíaca depois de semanas acampados no rancho dos sem lar descrito na carta passada. Nós moramos cerca de 10 quilômetros do local da cidade, ou melhor, aí começa nossa terra. Dali ainda andamos cerca um quilometro, em caminho próprio, pelo mato. Esse caminho não é aconselhável para pessoas com tornozelos fracos, principalmente na escuridão. Se tivermos tempo ele deverá ser planado. O caminho termina numa pequena clareira na beira da qual se encontra o rancho. Em desacordo com o usual aqui, nós fizemos o rancho com tábuas de meia polegada. Aqui geralmente são usadas tábuas de uma polegada. Os espaços entre as tábuas mal cortadas em máquinas primitivas são tão grandes que nós consideramos as tábuas mais caras um luxo desnecessário. Os bichos e o vento que querem entrar passam pelas frestas. Nos parece que essa questão como muitas outras aqui, não pode ser resolvida por pontos de vista importados. A transferência para cá, da alegria por uma casa sólida, é sem dúvida divertida, porém não precisa ser vista como indispensável. O clima, em todo caso, não coloca exigências notáveis à construção, só é necessário um teto firme, pois a chuva é assustadora, como um dilúvio com brutalidade impressionante. As tempestades, dizem, tem às vezes as mesmas qualidades – ainda não tivemos nenhuma. Nosso teto é, como são os usos da gente do mato, coberto com tabuinhas, encima de vigamento de palmito – isso são palmeiras que crescem como ervas daninhas em grande quantidade no mato, e que são um artigo de importância diária para os necessitados. Seus troncos são de fibras relativamente moles e de fácil decomposição, mas geralmente crescidos retos como velas, por isso podem ser usados com grande facilidade e ganho de tempo nas construções. Eles se deixam rachar com facilidade, tirando-se o miolo, podem ser usados como calhas para conduzir a água. Deitados uns ao lado do outro servem de soalho (quando molhados são escorregadios como gelo). Com as folhas do palmito, pessoas que ainda não tem pasto alimentam os cavalos que ficam com diarréia e as folhas bem jovens são comidas pelas pessoas com efeitos semelhantes. Em todo caso, os palmitos com sua casca branco-marmoreada são lindos no nosso telhado e nos deixam muito orgulhosos. O teto da casa repousa sobre um esqueleto de troncos não trabalhados. Nossa sala é 7 x 5 metros, dali separado, o dormitório 3 x 3 metros e a cozinha num puxado da casa, 3 ½ x 3 metros. Na frente da casa uma varanda com mesa, banco e as cadeiras dos tios Alma e Max, objetos que são uma esperança para o futuro, pois ainda não temos tempo para usá-los. A sala está mobiliada luxuosamente com móveis feitos do interior dos nossos caixotes. O que esses móveis significam de alegria diária, pelo sentimento de se sentir em casa, é indescritível. Eles trazem para nossa vida o especial, longe do trabalho e das preocupações diárias pelas necessidades primitivas com as quais teremos que nos preocupar nos próximos tempos. As janelas na casa são caracterizadas pelo fato de que no local destinado a elas não são pregadas tábuas. A noite, as aberturas são fechadas por venezianas. Nossa casinha tão jovem já tem um passado agitado. Primeiro, quando a parte do telhado estava acabada, toda a construção caiu, tivemos que começar tudo de novo. Quando ficou pronta, só um milagre evitou que queimasse junto com os grandes montes de árvores derrubadas em volta – e, finalmente, faz alguns dias tivemos que, a toda pressa, tirar nossos belos móveis da casa, pois uma enorme árvore, que estava sendo derrubada perto da casa, ameaçava destruir nosso lindo rancho. Acima do rancho que se encontra numa encosta, se inicia o mato, abaixo, acompanhando nosso riacho está sendo feita a derrubada. Devagarzinho a mata se afasta de nós e, apesar do terror que as pessoas tem de morar no meio do mato, sentimos por cada árvore bonita que tem que cair. Assim, a nossa paisagem em frente da casa cresce, mas onde a mata foi derrubada, resta uma triste devastação. As árvores tombam umas sobre as outras. Folhas e galhos pequenos secam e depois de quatro a oito semanas é colocado fogo. Fica um emaranhado carbonizado de troncos e galhos grossos que lentamente, em dois a seis anos se decompõe. Dependendo do capital de giro pode-se, no interesse de um melhor aproveitamento do solo, conseguir que grande parte seja retirada. Nossa vida está preenchida com planejamento e trabalho. As duas coisas em solo bem incerto, pois experiência e habilidade nos faltam. Mas temos uma incomensurável alegria por aquilo que fazemos e pelo ambiente em que vivemos. Eu acho que já contei sobre a mata na última carta. A mata muda constantemente de feição, sempre parece diferente, não importa onde as viagens de descoberta na nossa terra nos levam. Mais bonita ela é de manhã cedo e a noitinha, pouco antes do escurecer, quando os animais estão em movimento e a gente sente o frescor da noite e uma grande paz. Sobre os animais do mato pouco tenho a contar, eu os vejo mas ainda não os conheço – fora dois: os papagaios, uma bicharada terrível de diversas tonalidades, cujo comportamento faria jus a um cruzamento de pardal e galo. Estão em todos lugares, fazem barulho e são inconvenientes. Onde eles aparecem, os outros bichos vão embora. Os outros animais, sobre os quais posso relatar, são as onças. Segundo as pessoas daqui, os animais selvagens dos quais a gente tem que ter medo – onças e cachorros do mato – em alemão, grandes gatos e uma espécie de lobo. Os dois causam boatos assustadores – os dois são vistos por todos que se aventuram no mato a noite e têm um pouquinho de fantasia. Em honra dos dois, quase todos que entram sozinhos no mato levam uma espingarda consigo. Para nós, essas feras são uma fonte de distração, pois evitam que conversas com pessoas estranhas se tornem tediosas. Imaginem, ontem, numa criação de porcos na nossa região, 36 porcos gordos foram exterminados por onças. Um habitante da mata que mora perto de nós, que trabalha na nossa terra, à noite começou a dar tiros para todos os lados, pois uma onça o tinha mordido na perna.


Comentando coisas desagradáveis da nossa vida também preciso relatar do bicho de pé que penetra nas solas dos pés e lá põe seus ovos que se desenvolvem até que a gente resolve extraí-los com uma agulha de costura – dos carrapatos que, se a gente esteve no mato, é aconselhável verificar se o corpo está livre deles – e as “feridas do clima” um sofrimento terrível que atinge uns mais, outros menos, só poucos felizes são poupados. Devido à mudança sangüínea causada pelo clima (que aparentemente pode durar anos) e, supomos, pela alimentação inadequada e pela sujeira inevitável do nosso serviço, surgem na pele grandes feridas purulentas que penetram na carne e judiam o paciente por tempo indeterminado. Não existe remédio outro que repouso absoluto e boa alimentação – isso para quem pode se dar esse luxo, os outros têm que viver com a esperança que o sofrimento algum dia vai terminar, assim como a pobre Sardinha *) que tem que mancar atrás de suas tarefas, com terríveis dores nas mãos e nos pés. Deus sabe de onde ela tira a constante alegria com que domina suas tarefas causadas, por sempre novas situações imprevisíveis. Da manhã até a noite ela está de pé. A água tem que ser buscada na mina, a cinqüenta metros por um caminho espinhento - A terrível comida de nós pobres, arroz com feijão tem que ser incrementada - como o fogão acabou de desabar, tem que ser cozinhado no chão, na frente da porta. Lavar louça, roupa, limpar a casa, fazer pão e muitas vezes ela tem que me ajudar. Tem que ser discutido o que devemos fazer, como fazer e se podemos fazer. E aí vem alguém correndo por ter seu camarada cortado o dedo fora – e lá vai Sardinha, cinco quilômetros a cavalo, com agulha e linha para acudir. Na volta, ela traz um grande pedaço de pão que ganhou em troca do auxílio prestado e novas idéias doidas que quer realizar imediatamente - isso dá muito trabalho. Essa maravilhosa vida cheia de sensações não vai durar para sempre, com o tempo vão surgir sistema e serenidade, quando nosso negócio andar, quando a casa estiver tão bonita e ordenada como imaginamos e quando todas as atividades deixarem de ser excitantes experimentos novos. Mas então teremos tempo de imaginar coisas novas, tentar e fazer coisas novas. A nossa limitação, vamos encontrar somente na nossa capacidade, pois na nossa terra não temos que dar satisfação a ninguém. Ninguém se interessa pelo que acontece entre os marcos de nossa divisa. Não temos que nos explicar nem declarar qual o espírito que nos sustenta. Aliás, como vocês vêem, o espírito ainda está totalmente absorvido na luta com a primitividade e com nossas condições físicas precárias. Nós queremos superar essa situação o mais rápido possível, pois nossa meta é ter diariamente uma hora de descanso. Uma hora em que não queremos nos preocupar com feijão nem com o tratamento dos pés do nosso Herrmann. Herrmann é o nosso cavalo, por enquanto o único animal doméstico no nosso reino e por isso altamente valorizado. Ele é um súdito modesto que nada mais exige de nós além de que sejam derrubadas para ele diariamente dois palmitos, que lhe sejam dadas algumas espigas de milho e que possa ficar parado na frente da porta da casa. Em compensação ele nos proporciona a comunicação com o mundo externo. Semanalmente, cavalgamos duas vezes para a cidade. Fazemos compras, conseguimos carne e, com sorte, laranjas e alguns ovos. Temos que negociar por um barril vazio que nos sirva de recipiente para água.

Na cidade, temos que procurar trabalhadores que são raros e muito caros. Temos que estar atentos a informações que podem nos ajudar a prosseguir e, temos que verificar o correio. O correio que não é extraviado (grande parte se perde) se encontra num monte, na casa da companhia. Nesse monte, cada um pode procurar o seu. É maravilhoso quando se acha alguma coisa! Alias, aqui só chegam cartas, impressos e amostras sem valor registradas. Pacotes ficam em São Paulo, até que procurações complicadas sejam mandadas com as quais empregados da companhia podem retirá-los. Mas não precisam ser pacotes, cartas, impressos e amostras sem valor já nos deixam muito felizes. Nós nos interessamos por tudo (fora jornal ilustrado) relatórios, revistas e, naturalmente pequenos presentes. Nossos pensamentos sobre o que está acontecendo com vocês estão muito no ar, pois de Berlim não vem cartas. Jornais não lemos, por falta de oportunidade. Tanto mais ouvimos o que movimenta os ânimos dos assentados em Rolândia. Preocupações de lavrador e os defeitos do próximo. Pelo fato de ter que, a conta gotas, conseguir as informações necessárias, a gente fala com muitos e perde muito tempo. Nosso círculo de conhecidos desde o início foi bem grande, pois usamos o tempo em que estávamos acampados nas proximidade da cidade para conhecer muitas pessoas e aprender de suas experiências. Aqui, se encontram pessoas cujo contato oferece uma grande diversidade de atrações. O velho Koch Weser, um senhor de idade, muito simpático que, com bem estar e muito dinheiro, leva a vida de um culto fidalgo europeu, que não teria necessidade de lutar. Ele dirige uma casa que poderia se situar em Dahlem. Seus filhos aprendem o contato com a terra brincando. Uma exceção que tem seus encantos. Tem aqui mais uns casos semelhantes, eles vão nos prestar bons serviços para descanso e para poder pensar em outras coisas além dos problemas diários. A maioria dos assentados é composta por pessoas menos favorecidas, pessoas que têm que trabalhar valentemente, para poder viver do que sua terra produz. Com cuidado e a longo prazo, tem que ser feitas contas, pois, mesmo sendo possível, a nível de Brasil, atingir uma certa segurança, isso leva anos até que a luta pelo pão de cada dia deixe de ser a principal ocupação. A falta de capital impede que investimentos produtivos sejam feitos, com isso o momento de poder ganhar é empurrado para o futuro. É criada a necessidade de gastar o pouco capital existente de maneira altamente improdutiva, na sobrevivência. A terra roxa, a terra vermelha do Norte do Paraná, tem sem dúvida uma grande e variada fertilidade. Não podemos responsabilizá-la se não cumpre as expectativas daqueles que só a conhecem das descrições das pessoas que aqui negociam terra ou estão de outra maneira interessadas na venda. Esses informantes causaram muitos aborrecimentos e dificuldades financeiras. Decepções que não seriam necessárias, pois mesmo sem essas ilusões a existência aqui na mata para quem a aceita como ela é, é uma maravilhosa realização. Os outros se mudam outra vez assim que constatam que a terra tropical exige um longo e cuidadoso tratamento para alimentar aquele que a trabalha. Que a colheita, como em qualquer lugar, depende dos mais diversos imponderáveis. E que, se a colheita foi boa, em dois anos conseguiu somente cobrir os altos custos do desmatamento e alimentar precariamente o lavrador. Temos que saber que aquele que inicia o trabalho na mata em maio só poderá ter uma colheita entre fevereiro e maio do ano seguinte. Que só então terá um pasto para a criação de alguns porcos ou outros animais. E que seu primeiro ganho cresce em campos onde troncos e galhos no chão oferecem resistência à aquilo que se planta. Assim como temos que aprender a conhecer nossa terra, que nunca é qualitativa por igual, a terra tem que aprender a carregar frutos. Para isso, precisamos muito amor, muita paciência e muita serenidade. Quando, por exemplo, constatamos que precisamos de meio dia de trabalho pesado para limpar 15 metros quadrados. Temos que conhecer esse solo a fundo. Se a gente quer revolver o solo ele se desmancha em poeira. Se a gente o deixa como está, ele não só carrega da melhor maneira frutos, como é possível cavar nele poços de 30 metros de profundidade, sem qualquer apoio ou medida de segurança. Só quando chove sobre essa terra, as coisas ficam terríveis. As ruas e caminhos que na seca são perfeitamente duros e usáveis quando planados, se tornam quase intransitáveis quando chove. A gente tem que levar sua bicicleta, que na seca é meio de locomoção excelente, nas costas. Homens e cavalos têm que se esforçar num barro indescritível que freqüentemente impossibilita todo e qualquer trânsito. Aí, se for possível, a gente fica em casa e se alegra com a beleza que lá temos. Quando ontem li numa caixa na frente da casa a inscrição “Santos - Brasil”, pensei: como é grande a distância entre nós! Vocês vêem, estamos nos sentindo em casa aqui.

*) Sardinha era o apelido da esposa do autor da carta, doutora em medicina.

RELATO DE UM PIONEIRO ALEMÃO DE 1936 - LEIA - MUITO BOM

Carta escrita em 1936 na floresta.
Foi encontrada uma longa carta escrita no ano de 1936 por Hans Kirchheim. A carta, redigida em alemão, conta da vida nos tempos pioneiros de Rolândia e foi traduzida pela filha do autor, Ruth Bárbara Steidle, em 2001, ao pé da letra, para o português. O relato, publicado em jornal local e algumas vezes lido em voz alta para os visitantes, emociona, principalmente os mais antigos, pelas lembranças que traz.

Rolândia, 26 de junho de 1936
Pois é, agora estamos em nossa casa que ficou maravilhosa e nos parece paradisíaca depois de semanas acampados no rancho dos sem lar descrito na carta passada. Nós moramos cerca de 10 quilômetros do local da cidade, ou melhor, aí começa nossa terra. Dali ainda andamos cerca um quilometro, em caminho próprio, pelo mato. Esse caminho não é aconselhável para pessoas com tornozelos fracos, principalmente na escuridão. Se tivermos tempo ele deverá ser planado. O caminho termina numa pequena clareira na beira da qual se encontra o rancho.  Em desacordo com o usual aqui, nós fizemos o rancho com tábuas de meia polegada. Aqui geralmente são usadas tábuas de uma polegada. Os espaços entre as tábuas mal cortadas em máquinas primitivas são tão grandes que nós consideramos as tábuas mais caras um luxo desnecessário. Os bichos e o vento que querem entrar passam pelas frestas. Nos parece que essa questão como muitas outras aqui, não pode ser resolvida por pontos de vista importados. A transferência para cá, da alegria por uma casa sólida, é sem dúvida divertida, porém não precisa ser vista como indispensável. O clima, em todo caso, não coloca exigências notáveis à construção, só é necessário um teto firme, pois a chuva é assustadora, como um dilúvio com brutalidade impressionante. As tempestades, dizem, tem às vezes as mesmas qualidades – ainda não tivemos nenhuma. Nosso teto é, como são os usos da gente do mato, coberto com tabuinhas, encima de vigamento de palmito – isso são palmeiras que crescem como ervas daninhas em grande quantidade no mato, e que são um artigo de importância diária para os necessitados. Seus troncos são de fibras relativamente moles e de fácil decomposição, mas geralmente crescidos retos como velas, por isso podem ser usados com grande facilidade e ganho de tempo nas construções. Eles se deixam rachar com facilidade, tirando-se o miolo, podem ser usados como calhas para conduzir a água. Deitados uns ao lado do outro servem de soalho (quando molhados são escorregadios como gelo). Com as folhas do palmito, pessoas que ainda não tem pasto alimentam os cavalos que ficam com diarréia e as folhas bem jovens são comidas pelas pessoas com efeitos semelhantes. Em todo caso, os palmitos com sua casca branco-marmoreada são lindos no nosso telhado e nos deixam muito orgulhosos. O teto da casa repousa sobre um esqueleto de troncos não trabalhados. Nossa sala é 7 x 5 metros, dali separado, o dormitório 3 x 3 metros e a cozinha num puxado da casa, 3 ½ x 3 metros. Na frente da casa uma varanda com mesa, banco e as cadeiras dos tios Alma e Max, objetos que são uma esperança para o futuro, pois ainda não temos tempo para usá-los. A sala está mobiliada luxuosamente com móveis feitos do interior dos nossos caixotes. O que esses móveis significam de alegria diária, pelo sentimento de se sentir em casa, é indescritível. Eles trazem para nossa vida o especial, longe do trabalho e das preocupações diárias pelas necessidades primitivas com as quais teremos que nos preocupar nos próximos tempos. As janelas na casa são caracterizadas pelo fato de que no local destinado a elas não são pregadas tábuas. A noite, as aberturas são fechadas por venezianas. Nossa casinha tão jovem já tem um passado agitado. Primeiro, quando a parte do telhado estava acabada, toda a construção caiu, tivemos que começar tudo de novo. Quando ficou pronta, só um milagre evitou que queimasse junto com os grandes montes de árvores derrubadas em volta – e, finalmente, faz alguns dias tivemos que, a toda pressa, tirar nossos belos móveis da casa, pois uma enorme árvore, que estava sendo derrubada perto da casa, ameaçava destruir nosso lindo rancho.
Acima do rancho que se encontra numa encosta, se inicia o mato, abaixo, acompanhando nosso riacho está sendo feita a derrubada. Devagarzinho a mata se afasta de nós e, apesar do terror que as pessoas tem de morar no meio do mato, sentimos por cada árvore bonita que tem que cair. Assim, a nossa paisagem em frente da casa cresce, mas onde a mata foi derrubada, resta uma triste devastação. As árvores tombam umas sobre as outras. Folhas e galhos pequenos secam e depois de quatro a oito semanas é colocado fogo. Fica um emaranhado carbonizado de troncos e galhos grossos que lentamente, em dois a seis anos se decompõe. Dependendo do capital de giro pode-se, no interesse de um melhor aproveitamento do solo, conseguir que grande parte seja retirada.
Nossa vida está preenchida com planejamento e trabalho. As duas coisas em solo bem incerto, pois experiência e habilidade nos faltam. Mas temos uma incomensurável alegria por aquilo que fazemos e pelo ambiente em que vivemos.  Eu acho que já contei sobre a mata na última carta. A mata muda constantemente de feição, sempre parece diferente, não importa onde as viagens de descoberta na nossa terra nos levam. Mais bonita ela é de manhã cedo e a noitinha, pouco antes do escurecer, quando os animais estão em movimento e a gente sente o frescor da noite e uma grande paz. Sobre os animais do mato pouco tenho a contar, eu os vejo mas ainda não os conheço – fora dois: os papagaios, uma bicharada terrível de diversas tonalidades, cujo comportamento faria jus a um cruzamento de pardal e galo. Estão em todos lugares, fazem barulho e são inconvenientes. Onde eles aparecem, os outros bichos vão embora. Os outros animais, sobre os quais posso relatar, são as onças. Segundo as pessoas daqui, os animais selvagens dos quais a gente tem que ter medo – tigres e cachorros do mato – em alemão, grandes gatos e uma espécie de lobo. Os dois causam boatos assustadores – os dois são vistos por todos que se aventuram no mato a noite e têm um pouquinho de fantasia. Em honra dos dois, quase todos que entram sozinhos no mato levam uma espingarda consigo. Para nós, essas feras são uma fonte de distração, pois evitam que conversas com pessoas estranhas se tornem tediosas. Imaginem, ontem, numa criação de porcos na nossa região, 36 porcos gordos foram exterminados por tigres. Um habitante da mata que mora perto de nós, que trabalha na nossa terra, à noite começou a dar tiros para todos os lados, pois uma onça o tinha mordido na perna.
Comentando coisas desagradáveis da nossa vida também preciso relatar do bicho de pé que penetra nas solas dos pés e lá põe seus ovos que se desenvolvem até que a gente resolve extraí-los com uma faca – dos carrapatos que, se a gente esteve no mato, é aconselhável verificar se o corpo está livre deles – e as “feridas do clima” um sofrimento terrível que atinge uns mais, outros menos, só poucos felizes são poupados. Devido à mudança sangüínea causada pelo clima (que aparentemente pode durar anos) e, supomos, pela alimentação inadequada e pela sujeira inevitável do nosso serviço, surgem na pele grandes feridas purulentas que penetram na carne e judiam o paciente por tempo indeterminado. Não existe remédio outro que repouso absoluto e boa alimentação – isso para quem pode se dar esse luxo, os outros têm que viver com a esperança que o sofrimento algum dia vai terminar, assim como a pobre Sardinha *) que tem que mancar atrás de suas tarefas, com terríveis dores nas mãos e nos pés. Deus sabe de onde ela tira a constante alegria com que domina suas tarefas causadas, por sempre novas situações imprevisíveis. Da manhã até a noite ela está de pé. A água tem que ser buscada na mina, a cinqüenta metros por um caminho espinhento - A terrível comida de nós pobres, arroz com feijão tem que ser incrementada - como o fogão acabou de desabar, tem que ser cozinhado no chão, na frente da porta. Lavar louça, roupa, limpar a casa, fazer pão e muitas vezes ela tem que me ajudar. Tem que ser discutido o que devemos fazer, como fazer e se podemos fazer. E aí vem alguém correndo por ter seu camarada cortado o dedo fora – e lá vai Sardinha, cinco quilômetros a cavalo, com agulha e linha para acudir. Na volta, ela traz um grande pedaço de pão que ganhou em troca do auxílio prestado e novas idéias doidas que quer realizar imediatamente - isso dá muito trabalho. Essa maravilhosa vida cheia de sensações não vai durar para sempre, com o tempo vão surgir sistema e serenidade, quando nosso negócio andar, quando a casa estiver tão bonita e ordenada como imaginamos e quando todas as atividades deixarem de ser excitantes experimentos novos. Mas então teremos tempo de imaginar coisas novas, tentar e fazer coisas novas. A nossa limitação, vamos encontrar somente na nossa capacidade, pois na nossa terra não temos que dar satisfação a ninguém. Ninguém se interessa pelo que acontece entre os marcos de nossa divisa. Não temos que nos explicar nem declarar qual o espírito que nos sustenta. Aliás, como vocês vêem, o espírito ainda está totalmente absorvido na luta com a primitividade e com nossas condições físicas precárias. Nós queremos superar essa situação o mais rápido possível, pois nossa meta é ter diariamente uma hora de descanso. Uma hora em que não queremos nos preocupar com feijão nem com o tratamento dos pés do nosso Herrmann. Herrmann é o nosso cavalo, por enquanto o único animal doméstico no nosso reino e por isso altamente valorizado. Ele é um súdito modesto que nada mais exige de nós além de que sejam derrubadas para ele diariamente dois palmitos, que lhe sejam dadas algumas espigas de milho e que possa ficar parado na frente da porta da casa. Em compensação ele nos proporciona a comunicação com o mundo externo. Semanalmente, cavalgamos duas vezes para a cidade. Fazemos compras, conseguimos carne e, com sorte, laranjas e alguns ovos. Temos que negociar por um barril vazio que nos sirva de recipiente para água.
Na cidade, temos que procurar trabalhadores que são raros e muito caros. Temos que estar atentos a informações que podem nos ajudar a prosseguir e, temos que verificar o correio. O correio que não é extraviado (grande parte se perde) se encontra num monte, na casa da companhia. Nesse monte, cada um pode procurar o seu. É maravilhoso quando se acha alguma coisa! Alias, aqui só chegam cartas, impressos e amostras sem valor registradas. Pacotes ficam em São Paulo, até que procurações complicadas sejam mandadas com as quais empregados da companhia podem retirá-los. Mas não precisam ser pacotes, cartas, impressos e amostras sem valor já nos deixam muito felizes. Nós nos interessamos por tudo (fora jornal ilustrado) relatórios, revistas e, naturalmente pequenos presentes. Nossos pensamentos sobre o que está acontecendo com vocês estão muito no ar, pois de Berlim não vem cartas. Jornais não lemos, por falta de oportunidade. Tanto mais ouvimos o que movimenta os ânimos dos assentados em Rolândia. Preocupações de lavrador e os defeitos do próximo. Pelo fato de ter que, a conta gotas, conseguir as informações necessárias, a gente fala com muitos e perde muito tempo. Nosso círculo de conhecidos desde o início foi bem grande, pois usamos o tempo em que estávamos acampados nas proximidade da cidade para conhecer muitas pessoas e aprender de suas experiências. Aqui, se encontram pessoas cujo contato oferece uma grande diversidade de atrações. O velho Koch Weser, um senhor de idade, muito simpático que, com bem estar e muito dinheiro, leva a vida de um culto fidalgo europeu, que não teria necessidade de lutar. Ele dirige uma casa que poderia se situar em Dahlem. Seus filhos aprendem o contato com a terra brincando. Uma exceção que tem seus encantos. Tem aqui mais uns casos semelhantes, eles vão nos prestar bons serviços para descanso e para poder pensar em outras coisas além dos problemas diários. A maioria dos assentados é composta por pessoas menos favorecidas, pessoas que têm que trabalhar valentemente, para poder viver do que sua terra produz. Com cuidado e a longo prazo, tem que ser feitas contas, pois, mesmo sendo possível, a nível de Brasil, atingir uma certa segurança, isso leva anos até que a luta pelo pão de cada dia deixe de ser a principal ocupação. A falta de capital impede que investimentos produtivos sejam feitos, com isso o momento de poder ganhar é empurrado para o futuro. É criada a necessidade de gastar o pouco capital existente de maneira altamente improdutiva, na sobrevivência.  A terra roxa, a terra vermelha do Norte do Paraná, tem sem dúvida uma grande e variada fertilidade. Não podemos responsabilizá-la se não cumpre as expectativas daqueles que só a conhecem das descrições das pessoas que aqui negociam terra ou estão de outra maneira interessadas na venda. Esses informantes causaram muitos aborrecimentos e dificuldades financeiras. Decepções que não seriam necessárias, pois mesmo sem essas ilusões a existência aqui na mata para quem a aceita como ela é, é uma maravilhosa realização. Os outros se mudam outra vez assim que constatam que a terra tropical exige um longo e cuidadoso tratamento para alimentar aquele que a trabalha. Que a colheita, como em qualquer lugar, depende dos mais diversos imponderáveis. E que, se a colheita foi boa, em dois anos conseguiu somente cobrir os altos custos do desmatamento e alimentar precariamente o lavrador. Temos que saber que aquele que inicia o trabalho na mata em maio só poderá ter uma colheita entre fevereiro e maio do ano seguinte. Que só então terá um pasto para a criação de alguns porcos ou outros animais. E que seu primeiro ganho cresce em campos onde troncos e galhos no chão oferecem resistência à aquilo que se planta. Assim como temos que aprender a conhecer nossa terra, que nunca é qualitativa por igual, a terra tem que aprender a carregar frutos. Para isso, precisamos muito amor, muita paciência e muita serenidade. Quando, por exemplo, constatamos que precisamos de meio dia de trabalho pesado para limpar 15 metros quadrados. Temos que conhecer esse solo a fundo. Se a gente quer revolver o solo ele se desmancha em poeira. Se a gente o deixa como está, ele não só carrega da melhor maneira frutos, como é possível cavar nele poços de 30 metros de profundidade, sem qualquer apoio ou medida de segurança. Só quando chove sobre essa terra, as coisas ficam terríveis. As ruas e caminhos que na seca são perfeitamente duros e usáveis quando planados, se tornam quase intransitáveis quando chove. A gente tem que levar sua bicicleta, que na seca é meio de locomoção excelente, nas costas. Homens e cavalos têm que se esforçar num barro indescritível que freqüentemente impossibilita todo e qualquer trânsito. Aí, se for possível, a gente fica em casa e se alegra com a beleza que lá temos.  Quando ontem li numa caixa na frente da casa a inscrição “Santos - Brasil”, pensei: como é grande a distância entre nós! Vocês vêem, estamos nos sentindo em casa aqui. *) Sardinha era o apelido da esposa do autor da carta, doutora em medicina.

sábado, 2 de agosto de 2014

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

ROLÂNDIA - PIONEIRO INDALÉCIO MARTINEZ




































NEEMIAS, JOSÉ FARINA, INDALÉCIO MARTINEZ, PEDRO FARINA... ( SENTADOS)..
EM PÉ.. ISAIAS E PAULO PERCILIANO.
INDALO, COMO ERA CONHECIDO FOI PIONEIRO DA GLEBA CAFEZAL. SÍTIO ACIMA DA RUA MONTEIRO LOBATO. (PRÓXIMO DO DIMAS).