terça-feira, 22 de maio de 2012

WILLIE DAVIDS E O NORTE DO PARANÁ


FOLHAWEB

Recém-aberta, a ''estrada de autos'' desviava-se de antigos caminhos, só aproveitando os últimos seis quilômetros do ''Velho Picadão Três Bocas'' até o Patrimônio, na bacia esquerda do ribeirão. Os cinco quilômetros remanescentes situam-se entre a Universidade Tecnológica Federal, em Londrina, e um conjunto habitacional próximo à BR-369 em Ibiporã. 


''Lembro-me daquele longínquo dia de maio de 1932'', começou a escrever Vladimir Revenski em 1959. O narrador é russo e menciona dois escoceses já no primeiro parágrafo. ''Quando após ter pernoitado em Jatahy, na casa do sr. Maxwell em companhia do corajoso Ian Fraser, dirigimo-nos Dr. Willie e eu, num pé de bode de cor marrom, guiado pelo chauffeur João Rochinski, à balsa sobre o Rio Tibagi''. 

Às 10 horas ''aproximadamente'' o Ford entrou na estrada. ''Tinha chovido à noite e ameaçava continuar. Isto não demorou. Até o acampamento do Miguel Bender e da sua turma de construção da aludida estrada, conseguimos chegar relativamente bem e paramos ali para tomar um cafezinho. Sem, infelizmente, aceitar o almoço que nos era oferecido.'' 

''Dali para diante (...) as dificuldades começaram. A chuva não desmerecia (desvanecia) e a estrada, recém-construída, bordada de mata virgem, era escorregadia, formando nas baixadas verdadeiros lagos que tínhamos de atravessar a grande custo. Muitas vezes Dr. Willie e eu descíamos do carro para o empurrar e tomávamos verdadeiros banhos de cima, o de chuva, com água limpa; de baixo, das rodas do carro, de água barrenta, vermelha, que os pneus derrapando nos borrifavam em profusão. (...)'' 

''Enfim, lá pelas oito horas da noite conseguimos, sujos, cansados e famintos, chegar ao hotel da Companhia de Terras Norte do Paraná, bem na divisa do princípio dos seus terrenos.'' 

Revenski viera para o Brasil em 1929, ingressou na Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná em 1930 e a seguir na Companhia de Terras, ''recebendo os materiais para a construção da sede, das casas do Dr. Willie, do médico, do escritório, enfim erguendo a futura Londrina'', palavras suas no legado histórico.
Widson Schwartz 

Paulista de Campinas, tinha fama de british

Outra efeméride neste 22 de maio envolve Willie Davids: os 60 anos da inauguração do busto, na praça, em 1952. Presentes a esposa, Carloto Peixoto Davids, filhos, parentes e amigos de Willie; às 11 horas, o presidente da Associação Comercial, David Dequêch, convidou o prefeito Milton Ribeiro Menezes ''a descerrar a bandeira que cobria o busto do saudoso bandeirante''. 

Conforme as reportagens da FOLHA (22 e 24/5/52), a iniciativa se deveu à ''velha guarda'' (pioneiros), representada em comissão organizadora integrada por Arthur Thomas, Celso Garcia Cid, Raymundo Durães, Luiz Estrella e David Dequêch. A banda executou uma ''marcha batida'' e o advogado Ruy Ferraz de Carvalho, ao longo do discurso, ressaltou que a imagem de bronze ''plantada no coração da cidade'', ali ficaria ''perpetuando a memória de Willie e constituindo, por certo, para os cidadãos londrinenses, um exemplo e uma inspiração''. 

Willie Brabazon da Fonseca Davids, engenheiro eletricista formado na Inglaterra, acumulou credenciais da Light em São Paulo e Companhia City de Santos; a seguir no Paraná, entre 1914 e 1925, prefeito de Jacarezinho e deputado estadual. Fazendeiro no Norte Velho desde 1911 e um dos incorporadores da ferrovia Ourinhos-Cambará, integrou as primeiras expedições ao Norte Novo por interesse do grupo de lorde Lovat. 

A partir de 1932, Willie administra a abertura de estradas e a implantação da infraestrutura urbana, apressando a transição de Patrimônio para Cidade, em dois anos sede do município que o elegeria prefeito. Exerce o cargo entre entre 2 de dezembro de 1935 e 30 de maio de 1940 (nomeado a partir de 1937). 

Um comentário:

  1. É incrível seu trabalho pela preservação pela historia, ainda não se apega apenas a poucas pessoas, trás ela a partir de diversos pontos de vista.
    Há alguns dias andando pela zona rural fui observar uma velha igreja que por sinal não sei se fica aqui em Arapongas, Rolandia ou Londrina, esta fica no meio da mata, na continuação da estrada do Caramuru, e tive uma triste surpresa.
    As vendas que existiam ali perto compreendo sua derruba para não virarem “mocos”, mas em relação a igreja, não sei se é possível, até me disponho a colaborar, creio que deveria ser preservada, é parte do ciclo do café.
    Indo já para o patrimônio Vila Regina existe uma capela próxima a estrada que como a igreja esta sem uso, mas preservaram esta, fizeram um alambrado em sua volta e a mantém para mostrar como foi nosso passado e justificar nosso presente.
    Gostaria que pudesse ser feito algo por esta igreja antes que o tempo a leva para os livros histórias.
    Fico a disposição

    ResponderExcluir